Madame Eva Mme Eva quarto numero | Page 5

SOBRE MADAME M adame Eva é o símbolo explícito da concretização de um ideal.   Um sonho antigo, repetido, reformulado, reerguido: o sempre redundante sonho de criar e recriar.   Eva é a materialização de um fenômeno metafísico, que, aos poucos, se afasta das sombras da caverna e se dirige ao caminho da luz, onde são reveladas suas verda- deiras intenções.   Sim, é desse soerguimento do corpo, pungente e emancipado, que surge o quarto número de Madame Eva, consolidado pela contradição filosófica que a torna real ao perpetuar seu ideal.   As páginas de Eva são outra vez tingidas com as palavras de seus autores e com os traços de seus artistas, fazendo com que Madame se multiplique como um objeto real, com dimensões espaciais, temporais e materiais.   E como qualquer frag- mento de sonho que se faz realidade, Madame Eva é confrontada com quatro opções.   No quadrante espacial, Eva se depara com a possibilidade quádrupla dos pon- tos cardeais, sejam eles norte, sul, leste ou oeste, sejam eles pra cima, pra baixo, prum lado ou pro outro.   No plano temporal há sempre o fantasma de Perséfone a ditar a estação do ano e o florescimento pontual, indagando se há outono, inverno, primave- ra ou verão para o presente de Madame.   E, na corporificação da esfera material, os quatro elementos se apresentam como limites à existência de nossa revista: será ela água, fogo, ar ou terra? Talvez seja impróprio responder.   Afinal, toda imagem metafórica se enri- quece com as sombras de suas possibilidades.   Mas se do Jardim do Éden saíram os quatro rios – Fison; Geon; Tigre e Eufrates –, para irrigar e erguer as civilizações milenares da Mesopotâmia, assim, também Madame Eva apresenta seus quatro nú- meros com a força avassaladora do movimento constante que é a criação literária.      Portanto, com a convicção renovada de que nossa revista se petrifica de vez, como um braço real da literatura de seu tempo, entregamo-la aos tempos vindouros dizendo: 3