Madame Eva Mme Eva quarto numero | Page 23

pra dentro de casa, trancando a porta. goiabas roubadas de seu quintal, colo- Ninguém fica pra prosa! - Retorquia Lu- cou na frente de sua casa uma pequena dovico do Rosário. lâmina suspensa, suficiente para dece- par dedos das mão. Segundo a víuva, a – É verdade! – concordava Dona engenhoca tinha uma única finalidade: Gertrudes – Outro dia, até o Padre An- dar uma boa lição aos traquinas furta- tônio mandou fechar a porta da igreja e dores de goiabas. Não se sabe se a partir apagou a luz com todo mundo dentro! daquele momento deixaram de roubar as Esse rapaz, quando não encontra nin- frutas de Aparecida do Rosário, o certo é guém na praça, entra pra dentro da igre- que a moda se espalhou em Pitangueira ja à procura de companhia. do Norte. Todo mundo colocou na frente de sua casa uma miniatura de guilhotina. – Primo Francisco, diga pra eles Esta se tornou um item essencial no mo- como sou sujeito batuta, diga! – Insistia, biliário das moradias da cidade. ainda, Jair de Azevedo ao primo. Entretanto, muitos dos cidadãos – Ehrr Jair... tu não me leve a mal, não se conformaram apenas com o valor não… Tu é um pouco chato, sim, primo. estético de suas guilhotinas e resolveram Convencido de sua chatisse, diante aproveitar de sua função utilitária tam- da concordância geral da assembléia, Jair bém. Este fato gerou uma onda de dece- de Azevedo tirou de seu paletó um fras- pamentos, e Pintangueira do Norte virou co de pinga. Deu o último gole, e subiu, uma zona de guerra, cada um decepava conformado, no palanque. Posicionou segundo seu bom entendimento. Era uma seu corpo na grande Guilhotina e, após o anarquia, uma família decepava o filho rugido de Beltrão Boa-Lábia, o lenço per- de outra casa e iniciava-se uma guerra fumado de Lucinda, a moça mais bela da interminável, que envolvia toda cidade. cidade, desceu até o chão. João, o menino Chegou o caso do Senhor Benevides, bi- prodígio do ano, soltou a corda que sus- savô de