- MAC - O Guerreiro - 1ª Edição
Literatura
Cada participante procuraria viajar para outra pele, estivesse ela presente ou não.
O protagonista, que está sempre, tanto em si quanto nos outros, seria o centro
gravitacional da encenação não-encenada. Deveria ser dele a perspectiva que se
materializaria em palco, segundo as expectativas que demonstraria enquanto
ocuparia peles alheias.
Os guiões psicoterapêuticos devem escrever-se assim, sob as ténues linhas do
agora que flui espontaneamente segundo as acções de uma pessoa que não está
a ser a própria.
Depois de decorridos vários minutos de relações improvisadas que se toldariam
às margens que se estabeleceriam, o protagonista abandonaria o palco e vir-se-ia
sentar na plateia, onde ocuparia o lugar de espectador da adaptação de uma peça
da sua memória.
Pressupõe-se que esta experiência enquanto mero observador de si seria suficientemente dramática para despoletar uma catarse aristotélica, que produziria
uma conscientização de si. O que, por sua vez, levaria ao desbloquear dos papéis
que a história pessoal atrofiou.
O termo «papéis» neste contexto refere-se às várias dimensões psicológicas do
self e das nossas representações mentais. São, no fundo, um conjunto de várias
possibilidades identificadoras que, segundo a Teoria dos Papéis, estão no núcleo
do desenvolvimento expansivo do ego.
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