Conta a lenda que dormia uma
princesa encantada a quem só
despertaria um infante, que viria
de além do muro da estrada. Ele
tinha que, tentado, vencer o mal
e o bem, antes que já libertado,
deixasse o caminho errado pelo
o que à princesa vem. A princesa
adormecida, se espera, dormin-
do espera, sonha em morte a sua
vida, e orna-lhe a fronte esqueci-
da, verde, uma grinalda de hera.
Longe o infante, esforçado, sem
eros e
psique
f e r n a n d o
p e s s o a
saber que intuito tem, rompe o
caminho fadado, ele dela é igno-
rado, ela para ele é ninguém. Mas
cada um cumpre o destino ela
dormindo encantada, ele buscan-
do-a sem tino pelo processo divi-
no que faz existir a estrada. E, se
bem que seja obscuro tudo pela
estrada fora, e falso, ele vem se-
guro, e vencendo estrada e muro,
chega onde em sono ela mora, e,
inda tonto do que houvera, à ca-
beça, em maresia, ergue a mão, e
encontra hera, e vê que ele mes-
mo era a princesa que dormia.
LOUcura
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