Permanecendo Fiel à Fé
Lucas, portanto, continua a definir por contraste o que o Cristianismo
realmente é.
Paulo, então, não é um ladrão de templos pagãos (19:37), nem
um profanador do templo judeu (21:28-29; 24:12), nem alguém
tentando fazer dinheiro às custas da religião (20:33-35), nem um
ativista político bruto ou um líder de terroristas (21:37-39). Tampouco
o evangelho é uma desagradável heresia sectária inventada por um
demagogo teologicamente ignorante (22:3-5) ou por um acadêmico
mentalmente perturbado (26:24-26) e com base em algum princípio
absurdo no qual nenhuma escola teológica importante no Judaísmo
e nenhum leigo educado poderiam possivelmente acreditar sem
cometer suicídio intelectual (23:6-10; 24:14-25; 26:8). O evangelho
cristão baseia-se na própria revelação de Deus por meio de Moisés e
dos profetas; ele traz uma alegação credível de ser o cumprimento da
redenção delineada e prometida nas Escrituras inspiradas de Israel;
seu efeito é espiritualmente libertador e enobrecedor (26:18); ele
defende a integridade moral e se opõe à corrupção (24:24-27); produz
uma tendência oposta ao restrito Judaísmo nacionalista (26:17) e
oferece uma esperança genuína e majestosa para toda a humanidade
(24:15; 26:6, 7, 23).
Isso, sem dizer que, no período que se seguiu, a Cristandade
frequentemente permitiu que seu evangelho fosse confundido com
a política e a filosofia pagãs. Em alguns países, os festivais e os
costumes pagãos foram batizados na igreja pela deliberada política
missionária. E, em nossos próprios dias, a obsessão pelo ocultismo e
o fascínio por várias práticas e formas de hinduísmo são amplamente
difundidos, assim como o são as tentações para unir-se a sociedades
secretas de negócios - que, em suas cerimônias, adoram as mesmas
antigas divindades pagãs, tal como o mundo antigo fazia - ou, no
outro extremo, para unir o evangelho cristão ao Marxismo a fim de
torná-lo uma potente força política.
À luz de todas essas tendências, Atos carrega para todos nós
uma poderosa exortação tácita para que examinemos a nós mesmos
honestamente a fim de ver se o Cristianismo que representamos e o
evangelho que pregamos são ou não intransigentemente os mesmos
estabelecidos pelos apóstolos de nosso Senhor Jesus Cristo.
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