Livros Na escola de Cristo | Page 14

NA PORTA DA ESCOLA Este era um grupo, de fato, bastante variado. Muitos deles eram, assim como Pedro, pescadores de ofício: trabalhadores durões, corajosos e práticos, gente que sabia bem da dificuldade de ganhar o pão de cada dia e sustentar uma família. O próprio Pedro era um homem amável e irrequieto, sempre com um comentário ou resposta prontos na ponta da língua. Tinha tendência de liderar o grupo e falar por eles, mas era impulsivo: tendia a falar e agir primeiro e pensar depois. Em contraste, Mateus fazia o tipo oposto: frio e calculista. Antes de atender à convocação de Cristo, ele já havia feito fortuna como cobrador de impostos, trabalhando para os odiados romanos. Quando ele se converteu, abdicou desta profissão socialmente odiada, mas aproveitou- se da habilidade de manter registros bem detalhados e organizados, que mais tarde usaria para catalogar a vida de Cristo, no que se tornaria o Evangelho de Mateus. Já João e Tiago eram ambiciosos, do tipo determinado. Eles não se importavam em ter de trabalhar duro e sacrificar-se, desde que isso garantisse os cargos mais altos no reino de Cristo (Marcos 10:35-45). A ambição deles não era cem por cento saudável, e o senso de justiça que possuíam muitas vezes se misturava com um sentimento mesquinho de vingança (Lucas 9:51-56). Filipe era, pelo que consta nos registros, um sujeito acessível (João 12:21). Bem diferente era Tomé, um homem teimoso que não relutava em expressar suas dúvidas e seu ceticismo de forma bastante aberta. Simão, o Zelote, antes de converter-se, havia sido um ativista fanático politicamente alinhado à direita, exatamente o oposto de Mateus, o Colaborador. Os outros eram pessoas quietas: nunca os ouvimos dizer coisa alguma, o que não significa que não fossem também estudantes igualmente sérios. Por último, havia também uma figura sombria. Ele era o responsável por carregar a bolsa comum a todos, mas não era um discípulo de verdade. No final, seria exposto como traidor. Quanto a nós, seja lá quais forem nossas personalidades, qualidades ou defeitos, e independentemente do nosso passado político, social ou cultural, podemos confortavelmente sentar-nos ao lado desses homens, estudantes, como nós, da escola de Cristo. 13