no riacho gelado que corria no terreno, juntava lenha para o fogo e
carregava água para casa. Naquela época, a vida era bastante primitiva
na Polônia, mesmo assim, observando Yente, não se via nenhum vestígio
de aspereza em sua pele branca e macia ou de fadiga em seu rosto jovem.
Seu amor pelas crianças fez dela a babá da vila. Quando tinha uma
oportunidade, e eram muitas, ela ajudava as mães, levando seus bebês
e filhos pequenos para colher nozes e frutas silvestres na floresta.
Então, devolvia as crianças às mães e geralmente era convidada para
ficar para a refeição, o que ela aceitava alegremente como pagamento
pelo cuidado dos pequenos. Na época da colheita, oferecia seus serviços
aos fazendeiros, como apanhadora de campo, tudo para aproveitar a
oportunidade de ficar ao ar livre e respirar ar fresco, o que para ela
significava vida. Seu almoço consistia, principalmente, de pão, leite e
frutas frescas.
A morte de sua mãe, que ela amava acima de tudo, foi um golpe que
a fez, pela primeira vez, compreender a seriedade da vida.
A irmã mais nova, Dora, na época, com menos de dez anos, dependia
totalmente do cuidado das irmãs mais velhas.
A cada dia, ficava cada vez mais claro para Sarah que não havia
futuro na pequena cidade de Siedlce. Para ela era inconcebível que as
três meninas permanecessem sozinhas naquela cidade militar, à mercê
de milhares de soldados que desfilavam pelas ruas, desde o amanhecer
até tarde da noite. O fardo da responsabilidade das irmãs pesava
terrivelmente sobre Sarah, e foi assim que ela decidiu levá-las para a
capital, Varsóvia, para tentar a vida no gueto judeu com o seu povo. Na
cidade grande, elas estariam mais seguras do que em Siedlce e haveria
mais oportunidades de emprego.
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