Introdução
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desestimulante: “Deus provavelmente não existe, então pare de se
preocupar e aproveite a sua vida”. Excetuando a publicidade de uma
marca de cerveja bem conhecida, é provável que haja muito poucos
anúncios que contenham a palavra “provavelmente”. Afinal, quem
poderia sentir-se atraído por anúncios como: “Este medicamento
provavelmente não produzirá efeitos colaterais graves...; este banco
provavelmente não quebrará...; este avião provavelmente o levará
ao seu destino”? Além disso, Richard Dawkins estava preparado para
meter a mão em seu próprio bolso para ajudar a financiar a campanha.
Não querendo ficar para trás, os ateus alemães, depois de fracassarem
em obter a permissão das autoridades locais para montar uma
campanha semelhante em ônibus públicos, resolveram alugar um
deles para levar a mensagem. Em grande estilo teutônico, o ônibus
anunciava cuidadosamente: “Não existe (aliando a probabilidade
à segurança) Deus. Uma vida plena não precisa de fé”. Enquanto
percorria a Alemanha, o ônibus foi ofuscado por outro veículo similar,
que, dessa vez, havia sido contratado por cristãos. O ônibus cristão,
de maneira muito mais modesta, simplesmente fazia uma pergunta:
“E se Deus realmente existir?” Os meios de comunicação estavam
encantados com a visão de ambos os ônibus estacionados lado a
lado, em uma cidade após outra. Qual foi o efeito final disso? Deus
estava firmemente na agenda.
Agora, imagino que a palavra “provavelmente” pode muito bem ter
sido inclusa por razões legais, para evitar processos envolvendo a
legislação referente à linguagem comercial. Os ateus perceberam,
é claro, que eles não poderiam acumular provas suficientes para
convencer um tribunal de que a probabilidade da existência de Deus
fosse nula; e, se não fosse nula, então a existência de Deus é possível.
Quando consideramos isso, há a priori a probabilidade de que a
existência de Richard Dawkins seja muito escassa. Sua existência,
como a do resto de nós, é improvável. Apesar disso, veja só, Richard
Dawkins, você e eu somos todos reais. A mensagem no ônibus não
vem ao caso. A verdadeira questão não é: “Qual é a probabilidade de
que Deus exista?” Mas, sim, “Há evidências de que Deus é real?”
Se ainda não embarcamos no ônibus ateu, bem poderíamos sentir-
nos movidos a perguntar: que tipo de Deus é esse cuja existência é
considerada improvável? O slogan nos informa orgulhosamente que
é um Deus cuja existência está associada (pelo menos na mente dos
ateus) com a preocupação e a falta de diversão. Sem dúvida, está