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Em Defesa de Deus
que se tornou perigosa em extremo, devido a tal complacência. Ela
deve, portanto, ser eliminada; o ganhador do Prêmio Nobel, Steven
Weinberg, por exemplo, não hesita em dizer isso: “O mundo precisa
acordar do longo pesadelo da religião... Tudo o que nós, cientistas,
pudermos fazer para enfraquecer a influência religiosa deve ser feito,
e essa talvez venha a ser a nossa maior contribuição à civilização”.
Esse é o objetivo declarado dos novos ateus, expresso em poucas
palavras, e o leitor atento não vai deixar de notar o tom totalitário
da palavra “tudo” na declaração de Weinberg. 41 Dawkins expressa
o objetivo desta maneira: “Se este livro funcionar como espero... os
leitores religiosos que o abrirem serão ateus quando o terminarem”, 42
embora, na sua próxima frase, ele reconheça que isso chega a ser
apenas um otimismo presunçoso. Ele quer não somente reunir os
fiéis (ateus) e incentivá-los a “sair” por sua fé (pois isso é o que ela é,
apesar de seus protestos de que é o contrário, como logo veremos);
mas também a fazer proselitismo, para “despertar a consciência”
dos outros ao descrever as atrações do Novo Ateísmo, aumentando
assim o impacto do ateísmo na paisagem demográfica.
A PAISAGEM RELIGIOSA
Para se ter uma ideia de como é essa paisagem, nos remitiremos a uma
pesquisa feita no Reino Unido pelo instituto de pesquisas YouGov,
solicitada pelo apresentador da BBC, John Humphrys, em 2007. De
acordo com a pesquisa, 16% dos 2.200 entrevistados consideravam-
se ateus; 28% acreditavam em Deus; 26% acreditavam em “algo”, mas
não tinham certeza do que era; 9% consideravam-se agnósticos, entre
eles o próprio Humphrys; 5% disseram que gostariam de acreditar
em algo e invejavam aqueles que o faziam, mas não conseguiam; 3%
não sabiam responder; 10% não tinham pensado muito no assunto;
e 3% responderam “outro”. 43 É interessante situar esses valores no
contexto mais amplo de uma anterior (2004) pesquisa internacional
feita em dez países e, mais uma vez, solicitada pela BBC, intitulada “O
que o mundo pensa de Deus”. 44
Em geral, cerca de 8% dos entrevistados se consideravam ateus; de
modo que o número dos ateus do Reino Unido resultou ser duas
vezes maior que a média, registrando a maior porcentagem — 16%.
Nos EUA, cerca de 10% disseram que não acreditam em Deus;
embora uma pesquisa Gallup de 2005 revele um número muito
inferior, 5%. Uma análise abrangente de uma seleção de pesquisas
recentes, feita pela Internet, parece indicar que as pessoas se sentem