INTRODUÇÃO
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mas a terceira, de forma alguma, pode ser tomada
como verdadeira. O peso da experiência humana
ao longo dos séculos de história depõe contra ela. É
claro que, no final, tudo depende de que significado
se empreste à palavra “deus”. Ao longo do tempo,
multidões de pessoas decidiram como Nietzsche que
“Deus está morto” e, então, resolveram banir de suas
mentes toda crença no único e verdadeiro Deus. Eles
– até certo ponto – obtiveram sucesso, mas não sem
um preço, pois, tão logo haviam concretizado isso,
eles descobriram ser praticamente impossível viver
intelectual e emocionalmente em um mundo sem deus.
Deliberada ou inconscientemente, eles preencheram
o vazio deixado pela expulsão do único e verdadeiro
Deus com todo tipo de deus substituto.
Mesmo o ateu mais ardente não pode deixar de
considerar que poderes trouxeram o universo e ele à
existência e que poderes irão, ocasionalmente, destruir
ambos. Ele pode até não chamar esses poderes de
“deuses”, mas poderia, pois esses são poderes que,
em última instância, exercem controle sobre ele e
não ele sobre eles. Um ateísta rejeita a ideia de um
Criador pessoal e conclui que matérias e forças cegas,
impessoais e inconscientes são responsáveis tanto por
sua existência quanto pela existência do universo.
Desse modo, ele destrói, a um só tempo, toda a
esperança de que haja algum propósito por trás de
sua existência. Mas, logo em seguida, ele descobre
que não é possível existir sem um propósito pelo qual
viver, sem algo maior no qual acreditar, sem valores
supremos para honrar e sem nenhuma causa à qual se
devotar e, caso necessário, pela qual se sacrificar. E, já
que ele não pode viver para o único e verdadeiro Deus
nem servi-lo, ele se apega a propósitos e a objetivos