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A DEFINIÇÃO DO CRISTIANISMO
obscurecem os fatos básicos originais e imutáveis
que constituem o âmago e a essência permanentes do
cristianismo.
Afinal de contas, o cristianismo não é essencialmente
um sistema de moralidade (como o confucionismo)
que precisa ser adaptado ao padrão inconstante dos
séculos ou, então, se tornar antiquado. Nem é um
sistema de verdades filosóficas universais e abstratas,
cuja validade é independente dos pensadores que as
perceberam primeiro. Nem é como muitas das religiões
pagãs eram: um sistema de rituais cuja efetividade
depende de sua correta execução.
Como Paulo, porta-voz da igreja primitiva,
assegurou, o cristianismo é a boa nova a respeito de
uma pessoa histórica, Jesus Cristo de Nazaré, que, do
lado humano, nasceu da descendência real de Davi
e demonstrou ser Filho de Deus em poder por sua
ressurreição dentre os mortos (Romanos 1:1-4). Jesus
Cristo é em si próprio a boa nova: sua pessoa, sua vida
– o que fez, ensinou e declarou – sua morte – o que
ela realizou –, e sua ressurreição, que demonstraram
que suas afirmações eram verdadeiras. Esses fatos
históricos são o âmago do evangelho cristão, e o Novo
Testamento é o registro deles e de suas implicações.
De todos os autores do Novo Testamento, o maior
gênio literário e histórico é, indubitavelmente, Lucas,
o autor do Evangelho que leva seu nome e do volume
que o acompanha, o Atos dos Apóstolos. Renan, que
teve pouca simpatia com os conteúdos do Evangelho
de Lucas, descreveu-o como “o livro mais lindo do
mundo”; e Atos, embora não no mesmo sentido belo,
serve a um propósito único, não apenas no Novo