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A DEFINIÇÃO DO CRISTIANISMO
Quais eram seus traços essenciais? Quem os definiu
e como chegaram a ser definidos? É a essa última
pergunta, acima de todas, que Lucas, o historiador, se
propõe a responder.
Antes de observarmos como ele faz isso, devemos
perceber o quão bem qualificado ele estava para essa
tarefa. Em primeiro lugar, ele era um companheiro de
viagem do apóstolo Paulo e testemunhou em primeira
mão a formação de muitas igrejas e a pregação pela
qual elas foram formadas.
Em segundo lugar, durante os dois anos em que
Paulo esteve preso em Cesareia, Lucas foi capaz de
usar a oportunidade para consultar os contemporâneos
de Jesus Cristo e aprender os fatos básicos a partir de
testemunhas oculares do ministério de nosso Senhor
(assim ele nos diz no prefácio de seu Evangelho).
É verdade que o trabalho de Lucas foi ferozmente
criticado, mas pesquisas modernas demonstraram que,
no que pode ser testado, ele prova ser um historiador
confiável e preciso, como vemos no trabalho detalhado
e documentado do Dr. Colin Hemer, The Book of Acts in
the Setting of Hellenistic History.
No entanto, a genialidade de Lucas como historiador
é vista, acima de tudo, no fato de que ele não tentou
fazer uma crônica de cada detalhe de cada jornada
feita e de cada sermão pregado pelos missionários
cristãos. Naturalmente, ele estava interessado na
expansão geográfica do cristianismo; veja os sumários
com os quais ele conclui cada seção principal de sua
obra, que, como o ressoar de sinos, proclamam a
irresistível difusão da Palavra de Deus e a consequente
multiplicação das igrejas cristãs. Porém, quando