Levante: A vida pós-cárcere de mulheres no Paraná Levante_Livro | Page 21

sional. Nem sempre esse retorno corresponde de fato a uma volta à sociedade. Não é possível, afinal, ressocializar alguém que nunca foi socializada, outro consenso entre as especialistas. Para a escrita de Levante, foram necessários 536 minutos de conversa com egressas do sistema carcerário paranaense, representantes de instituições diretamente relacionadas a esse sistema, advogadas, psicólogas, assistentes sociais, professoras e ex-diretoras de unidades prisionais. Ficaram de fora dessa conta os inúmeros telefonemas, mensagens de texto e e-mails para confirmar informações, que, muitas vezes, ficaram sem resposta. De início, a intenção era trabalhar com dados nacionais. A escassez de informações públicas e confusão a respeito de que órgão detém ou deveria deter determinado dado me mostrou que, para essa empreitada, seria necessário muito mais tempo para insistir e poder aguardar os retornos lentos e burocráticos. Levante apresenta, portanto, personagens, especialistas e iniciativas de apoio à egressas paranaenses. De certa forma, os problemas e a falta de soluções para eles se repetem, estado após estado da federação brasileira. Mas não há como universalizar a vivência carcerária de pessoas que cumprem pena em Piraquara, Cuiabá ou em Manaus. Eu gostaria de apresentar, aqui nesta introdução, um panorama da situação das presas paranaenses. Queria detalhar quantas respondem por quais crimes, qual é o índice estimado de reincidência no estado, quais são as ofertas de cursos e vagas de trabalho dentro das unidades prisionais que as recebem. Mas esses dados não existem prontos, o Departamento Penitenciário do Paraná não os conhece. Para obtê-los, é necessário contatar cada um dos setores responsáveis, o que, me informou a Assessoria Jurídica do órgão, vai levar bastante tempo: “Provavelmente, não consigo ainda este ano”. Me adiantaram ainda que o gabinete do órgão está para publicar uma 21 | LEVANTE