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Para a crítica Ana Flavia Santana, arte é e deve ser livre. Tal liberdade envolve tanto poder passar uma mensagem; fazer uma crítica social; incentivar o debate/reflexão sobre temas sejam eles polêmicos, ou não, assim como pode envolver também a proposta de simplesmente ir-se contra o convencional; apenas entreter ou ainda justificar-se em si mesma, como defende Paulo Leminski em seu ensaio “Arte in-útil, arte livre?”. Uma visão conservadora e engessada da arte não é capaz de abarcá-la em toda a sua amplitude quanto tenta reduzi-la somente ao que é “belo” e moralmente aceitável segundo padrões pré-estabelecidos. É através dessa perspectiva que a obra “L'Origine du Monde”, do pintor francês Gustave Courbet, é abordada por Ana Flávia, que a recoloca no debate hodierno, discutindo seu significado diante da atual mentalidade nacional.

Já no campo do audiovisual, Mayara Bonfim tece uma crítica meticulosa sobre ‘’O perfume da memória’’ de Oswaldo Montenegro, evidenciando e esmiuçando as características particulares dessa obra, que a faz transitar entre campos e definições de filme, conto, teatro, romance, peça teatral. A crítica de arte trabalha com o conceito de inespecífico de Fernanda Garramuño, uma vez que ‘’O perfume da Memória’’ está em um “entrelugar” ou até mesmo em um “não-lugar”, o que é potencializado pelas suas características.

Sob a luz de alguns teóricos como Nelson Goodman com seu texto “Quando é arte?” (1984), bem como a noção crítica do filósofo alemão Walter Benjamin que se resume à obra vs contexto social, o crítico de arte Edson Assunção analisa o livro‘’Pequenas Grandes Mentiras’’ da escritora australiana Liane Moriarty, que traz uma narrativa intensa sobre discussões pertinentes ao universo abordado no livro, como a que se relaciona com a violência domiciliar em torno da vida de três mulheres.

Finalmente, queremos manifestar a nossa satisfação com a receptividade dos nossos leitores com os temas, artigos e resenhas da revista. Nossa sessão de cartas do leitor está sempre repleta de bons comentários aos quais estamos sempre atentos não apenas no sentido de responder às questões, dúvidas, críticas, mas para aprimorarmos cada vez mais esse espaço de reflexão crítica sobre a arte, o fazer artíatico na sociedade..