E
Aproximamo-nos do final do ano e sucedem-se por esta ocasião as habituais retrospectivas, os balanços do que ficou feito e, sobretudo, daquilo que ficou por fazer.
Neste ano prestes a findar não podemos deixar de nos referir às tragédias que assolaram o nosso País em Junho e Outubro e o deixaram dramaticamente marcado com morte e destruição, dor e sofrimento.
Para que os acontecimentos não sejam esquecidos, para que deles retiremos algum ensinamento e para que honremos a memória dos que assim partiram.
Por quase todo o território continental registaram-se situações de autêntica calamidade, desafiadoras mesmo de alguns dos princípios e convicções mais inabaláveis, afirmando-se numa luta desigual a inabilidade humana perante a devastação que grassou.
Na região de Lisboa assistimos, impotentes, a um desenrolar de acontecimentos que nenhum Homem de boa vontade alguma vez pretenderia.
Mais afastados pela distância física, também confortados por uma meramente aparente e muito relativa sensação de segurança, própria de uma capital que tantas vezes injustamente considera apenas como paisagem o remanescente do território, fomos conhecendo e acompanhando os factos pela comunicação social e pelos relatos dispersos de amigos e familiares nas zonas assoladas.
Não vivemos em Lisboa directamente a angústia e o sofrimento próprios de quem perdeu família, sustento ou o produto do trabalho de toda a vida. E por isso as palavras a este respeito fluem muitas vezes com ausência da legitimidade que só a vivência directa impõe e são, por conseguinte, evidentemente imperfeitas e insuficientes.
Mas em Lisboa participou-se activamente na enorme mobilização cívica nacional que se seguiu às tragédias, tanto em esforços concertados como em iniciativas individuais que permitiram reunir com coragem e enorme espírito de fraternidade diversos apoios para os mais necessitados.
Muitos destes apoios foram organizados e prestados por Núcleos e associados da FNA da Região de Lisboa, cientes da solidariedade e da ajuda ao próximo que devemos dispensar em todas as circunstâncias. Ficou-nos, no entanto, a sensação que poderíamos ter feito muito mais enquanto estrutura organizada.
Mas essa enorme mobilização colectiva a que assistimos e na qual também participámos dá-nos a medida da esperança que devemos acalentar.
Esperança na reconstrução do que ficou destruído, na reflorestação do território e na afirmação de um Portugal verdadeiramente solidário e fraterno.
3 / Lais de Guia
Nuno Pais Costa
Redacção