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posteriormente capaz de desativar o mesmo sistema, e auto-tranquilizar-se.
No processo vinculativo, o bebé e a mãe projetam de forma simultânea e em harmonia o que se passa dentro de si:
Ao longo da sua construção da teoria da vinculação, Bowlby colabora com Mary Ainsworth, antropóloga americana que investigou a relação bebé/mãe para entender o desenvolvimento infantil. Introduziu o conceito de “Base Segura” (secure base) através da sua investigação, "Strange Situation Procedure (SSP)”. Nesta investigação, observaram crianças dos 12 aos 18 meses, para avaliarem como se comportavam na ausência e reencontro das mães.
Desta experiência, construíram um Sistema de Vinculação, baseado nas respostas das crianças, em termos comportamentais.
Desta investigação, foi possível organizar diferentes formas de modelos de vinculação:
- Vinculação Segura: respostas contingentes e persistentes;
- Vinculação Evitante: respostas persistentes mas não contingentes;
- Vinculação Ansiosa: respostas contingentes mas não persistentes;
- Vinculação Desorganizada: rejeição do “pensar” e do “sentir”.
Mas o grande deslumbre destas descobertas mostra-nos como os padrões de vinculação na infância são repetidos na vida adulta. Para os adultos, como para as crianças, os padrões de vinculação são ativados e repetidos em situações de angústia e ansiedade.
Por vezes, é só preciso um pequeno passo para ressuscitar os fantasmas de uma vinculação insegura nas relações do adulto. Mas a diferença entre a vinculação nas relações de adulto e da criança, é que para o adulto, é necessário existir um movimento de in/out em prestar cuidados e receber, para as suas relações funcionarem.
É neste duplo processo que se modelam as relações de adulto. A vinculação no adulto e a sua
qualidade está dependente da qualidade da sua vinculação primária sendo que desta dependem os padrões relacionais futuros. É também neste contexto, que muitas vezes o processo psicoterapêutico tem o poder de acolher e transformar.
Fonagy (1995) argumenta que, a vinculação não tem um fim em si mesmo, mas que a sua importância é a de criar a moldura relacional em que, crianças e adultos, descobrem o seu Self, possuindo uma mente reflexiva sobre si e sobre o Outro.
A vinculação é assim, uma função evolutiva e adaptativa, que permite uma leitura e predição de situações sociais, de forma adequada.
“O que o bebé vê quando olha para o rosto da mãe? Sugiro que o bebé se vê a si mesmo. Em outras palavras, a mãe olha para o bebé, e o que ela transmite, está em consonância com o que ela vê no bebé”.
Winnicott, D. (1967). Mirror role of mother and family in child development. In Playing and Reality. London: Tavistock, 1971.