KAIROS n. 3 | Página 12

Isabel Sequeira*

As famílias surgem de todos os tipos, tamanhos e formas. A diversidade das famílias desafia-nos a procurar generalizar como se estruturam, pelas suas diferenças.

No entanto, para compreender a estrutura intríseca de cada família, mesmo perante a extrema diversidade desta estrutura, existe o conceito de vinculação (Attachment).

Este conceito aplica-se a todas relações familiares, seja qual for a sua forma e contexto cultural. Apresenta-se como um conceito empírico que surge do estudo e da investigação das relações em vários contextos culturais. A vinculação estabelece a moldura dos processos familiares - define a vida familiar. A vinculação não “mede” a personalidade, é a forma como cada um de nós responde a situações de tensão e como o ambiente relacional modela essas respostas.

A vinculação descreve o sentimento que nos une às nossas crianças, aos nossos pais, amantes, amigos, animais e até objectos que consideramos importantes para nós.

A grande importância da construção teórica de Bowlby, assenta na visão transversal com que entendeu a forma como cada um de nós estrutura o seu modelo relacional e a forma como interpretamos o mundo, como nos sentimos e como somos.

As diferentes formas de vinculação ou afeto desenvolvem-se ao longo da vida de cada ser humano, sendo que a vinculação primária (mãe/bebé) estabelece um laço de

regulação emocional e de segurança. Na vinculação secundária, o bebé já é capaz de ativar o seu sistema vinculativo, protestando, exigindo uma resposta

"A vinculação consiste num tipo de comportamento que resulta da tendência para procurar e manter proximidade com uma figura específica, claramente identificada, e que é entendida como mais capaz de lidar com o mundo. Esta tendência é mais óbvia em situações de angústia, medo e ansiedade e é assegurada através da prestação de cuidados. Quando a figura prestadora de cuidados está disponível e responde às necessidades, assegura um sentimento de segurança suficiente e continuado, encorajando a manutenção e a importância da relação estabelecida".

Bowlby, J. (1988). A secure Base. Clinical Applications of Attachment Teory. London: Routledge, Chapter 2, pp 26-27.

Vinculação e Terapia de Casal

“What is to love” (Shakespeare)

12

* Psicoterapeuta, Centro de Psicologia e Desenvolvimento de Almada