Jornal ECOESTUDANTIL jan. 2016 n.º 26 | Page 17

HISTÓRIA Adriano de Sousa Lopes, o pintor português da I Guerra Mundial Por Gabriela Calé, professora de História A driano de Sousa Lopes (1879-1944) foi um pintor e desenhador português, natural de Vidigal, lugar da Freguesia de Pousos, Concelho de Leiria. Manifestou desde jovem talento para o desenho e para a pintura. Encorajado por Afonso Lopes Vieira e outros beneméritos da cidade de Leiria, vai para Lisboa estudar na Academia de Belas Artes, que frequenta a partir de 1898, sendo aluno de Veloso Salgado (pintura) e Luciano Freire (desenho). Em 1903, parte para Paris como pensionista do Legado Valmor na especialidade de Pintura de história. Frequenta a École Nationale des Beaux-Arts e a Académie Julian onde haviam estudado artistas como Pierre Bonnard ou Edouard Vuillard, formando-se com Fernand Cormon, pintor académico já então consagrado pela sua pintura de história. Em Paris, Sousa Lopes expõe em diversas edições do Salon d’Automne (em 1904, 1905, 1906 e depois novamente em 1908, 1909 e 1912). Em 1915, é organizador da Secção de Belas Artes do Pavilhão Português à Exposição Internacional Panamá-Pacífico, organizada em S. Francisco, Califórnia, EUA. Realiza uma primeira exposição individual em Lisboa, na Sociedade Nacional de Belas Artes (SNBA), em 1917, no mesmo ano em que parte para a Frente, na I Guerra Mundial, como oficial artista com o posto de capitão. Artista prolífico e versátil no domínio técnico, elogiado colorista, Sousa Lopes, como assinava, foi um pintor eclético, tendo abraçado uma grande diversidade de temas com ampla variação estilística. Infantaria 23 na Ferme du Bois C.E.P. Sepultura d'um soldado português na "Terra de Ninguém" em Neuve Chapelle (França), 1918 Um pintor português nas trincheiras Em 1917, Sousa Lopes empenha-se tenazmente em conseguir ir para a frente de batalha. A proposta é formalizada numa carta que escreve em abril ao ministro da Guerra, major Norton de Matos, conservada no Arquivo Histórico Militar: "Ouso solicitar de V. Ex.ª a honra de me conceder um posto honorífico nas fileiras do Corpo Expedicionário Português, confiando-me o encargo de documentar artisticamente a participação de Portugal na Guerra europeia, podendo esta ser metodicamente feita e orientada por V. Ex.ª", escreve ao ministro. E mais à frente precisa o seu pedido: "A fim de realizar este plano em cuja execução porei o maior fervor patriótico, rogo a V.ª Ex.ª que me seja abonado um soldo correspondente ao posto de capitão em campanha (...)." O pintor dá como exemplo a seguir a França, que contratara os seus artistas de guerra. Na carta, Sousa Lopes estabelece ainda uma série de objetivos Página 17 a cumprir, perfei-