Jornal do Clube de Engenharia 608 (Novembro de 2019) | Page 10

Novas normas para solos reforçado e grampeado Caminhos contra a escassez Todos os anos, regiões específicas do Brasil pas- sam por problemas de seca, com diferentes conse- quências. A escassez de energia elétrica também é um problema previsível, gerado por fatores como a própria seca e o aumento do consumo, entre ou- tros. Pensar soluções a longo prazo foi o objetivo da palestra “Soluções para a crise da água e de energia”, no dia 02 de outubro, com Jorge Rios, conselheiro do Clube de Engenharia. O professor Rios criticou a tendência nos últimos anos no Brasil da opção pelas usinas a fio d’água, ou seja, sem grandes reservatórios. Como exemplo citou as de Jirau, Santo Antônio e Belo Monte, três empreendimentos que, se tivessem reservatórios, poderiam ter mais 2.400 MW médios. A restrição ainda inibe os múltiplos usos dos reservatórios, como navegação, lazer e irrigação, além de outras finalidades como regularização de vazões dos rios, controlando as cheias. Para Jorge Rios, uma vantagem que já temos é o Sistema Interligado Nacional, que conta com grande participação das hidrelétricas, e garante que a energia produzida seja distribuída conforme a demanda, de modo que quando há seca no Sul, por exemplo, as chu- vas do Norte otimizam as turbinas, cuja ener- gia chega no Sul. Mas ele só continuará sendo suficiente, na visão do conselheiro, se as fontes de energia forem as grandes hidrelétricas. Leia mais: http://bit.ly/crise-energia Wikipedia A comunidade geotécnica do país se mobilizou, entre junho de 2016 e setembro de 2019, na elaboração de novas normas referentes a solos reforçados em aterros e solos grampeados. A apresentação do texto final foi tema da mesa-re- donda “Aspectos das novas normas ABNT de muros e taludes em solo reforçado em aterros e solo grampeado”, em 24 de outubro, com a participação de Cristina Schmidt, representante da HUESKER e da ABMS; Eugenio da Cunha, da INTERACT Engenharia; e Cristiano Rodri- gues, da Terra Armada Ltda. Segundo Schmidt, a mobilização partiu da insatisfação com a NBR 19286, que faz especificações sobre muros em solos mecanicamente estabilizados, lançada em abril de 2016. Com os debates, ela foi dividida em duas partes: a primeira tratando de solos reforçados em aterros, e a segunda sobre solos Pesquisa explora melhores usos em solos moles Os solos moles, condição geológica de muitas áreas na costa do Brasil, são um desafio para áreas como geotecnia, mecânica dos solos, engenharia civil: não são ideais para a construção de aterros. No entanto, soluções geotécnicas são constantemente estudadas, sendo uma delas o aterro estruturado, ou seja, aterro com longas estacas. Este foi o tema central da palestra “Modelagem centrífuga de ater- ros estruturados”, no dia 07 de outubro, com Diego de Freitas Fagundes. Doutor pela COPPE/UFRJ e professor da Universidade Federal do Rio Grande (FURG), seu estudo sobre o tema venceu o Prêmio Costa Nunes, no biênio 2016-2017, como me- lhor tese de doutoramento em geotecnia do país. O prêmio é concedido pela Associação Brasileira de Mecânica dos Solos e Engenharia Geotécnica (ABMS). Em suas pesquisas, um dos avanços foi a descoberta de que, apesar da alta eficiência do geossintético em promover a distribuição de cargas no solo, tanto no uso da tecnologia quanto sem a mesma, outros parâmetros são mais importantes: quanto mais próximas entre si estiverem as estacas, e mais alto for o aterro, menor deformação do solo ou da geogrelha será verificada. Leia mais: http://bit.ly/modelagem-centrifuga 10 Jhonattas Santos Cristina Schmidt, da HUESKER, apresentou a primeira palestra do evento. grampeados. Atualmente em fase de avaliação pela Associação Brasileira de Normas Técnicas (ABNT), o documento entrará em consulta pú- blica antes da publicação. Leia mais: http://bit.ly/normas-aterros Certificações de conformidade Invisíveis, mas permeando as telecomunicações no Brasil, as normas de conformidade são cada vez mais importantes em uma sociedade onde o poder está se concentrando na informação, na espionagem e no uso de dados coletados por aparelhos em tempo real. O tema foi debatido pelas divisões técnicas de Exercício Profissional (DEP) e Formação do Engenheiro (DFE), no dia 10 de outubro, pelo palestrante José Alber- to da Silva Carvalho, especialista na certifica- ção da conformidade de produtos de telecomu- nicações. O crescente domínio da tecnologia estrangeira e a importância das normas nesse processo foram destacadas: a formação de no- vos quadros para atuação na área é fundamen- tal para o futuro do país. “A guerra hoje é de conhecimento e é travada via telecomunicações e espionagem. O engenheiro brasileiro está no centro disso tudo. Temos pessoal qualificado e temos que continuar qualificando e preser- vando a nossa fronteira tecnológica que passa pela certificação. Trata-se de uma questão de soberania nacional”, defendeu. Leia mais: http://bit.ly/painel-telecom