Jornal do Clube de Engenharia 607 (Outubro de 2019) | Page 2
Editorial
EXPEDIENTE
Precisamos entender o que acontece no Brasil
E, em especial, o Brasil precisa se informar sobre a
gravidade do crime contra o povo brasileiro que se
comete com o desmonte da Petrobrás e a entrega do
nosso petróleo para empresas estrangeiras. A persistir
neste rumo, o país estará dando mais um passo para
jogar fora uma das maiores jazidas petrolíferas do
planeta, conquistada com a descoberta, em 2004, do
Pré-Sal, o que nos asseguraria acelerado crescimento
econômico, soberano, com justiça social e garantia de
vida digna para o nosso povo.
Para maximizar os benefícios, para o Brasil e para os
brasileiros, obtidos com a exploração do Pré-Sal, foi
aprovado no final de 2010 o Regime de Partilha (Lei
nº 12.351 de 22/12/2010) para a produção naquelas
reservas. Visando fortalecer a Petrobrás para liderar a
exploração do Pré-Sal, a União, sua maior acionista,
promoveu o aumento de seu capital social. Isso
ocorreu subscrevendo a parcela que lhe cabia com a
cessão de blocos do Pré-Sal com reservas estimadas
àquela altura em 5 bilhões de barrís equivalentes
de petróleo. Aquela operação, denominada cessão
onerosa, possibilitou à Petrobrás aumentar seu capital
social, também com um aporte significativo dos
acionistas minoritários, resultando na maior oferta
de ações que se conhece: cerca de U$ 70 bilhões ao
câmbio da época (ver mais sobre o leilão dos excedentes
da cessão onerosa nas páginas 4, 5 e 8).
As pesquisas realizadas nos blocos do Pré-Sal
resultaram em uma reserva comprovada cerca de três
vezes maior que a prevista, ou seja, de 15 bilhões de
barris equivalentes de petróleo, o que daria ao País
a condição de, além de alcançar a autossuficiência
energética, ser um dos grandes protagonistas no
mercado mundial de petróleo. Tal expectativa começou
a se frustrar após a ascensão de Temer ao poder, pois
logo retirou-se da Petrobrás, entre outros direitos,
a condição de atuar como operadora única na
exploração do Pré-Sal.
Construiu-se também a narrativa que a empresa
estaria quebrada e que seria necessário desfazer-se
de ativos para reduzir a sua dívida, supostamente
astronômica em relação às das multinacionais
concorrentes. Ora, a Petrobrás endividou-se porque
descobriu petróleo; as concorrentes tinham liquidez
crescente, com reservas cadentes (mais informações
nas páginas 6 e 7).
O processo de esvaziamento paulatino da Petrobrás
culmina com o escandaloso leilão dos excedentes
da cessão onerosa, que vai completar a transferência
de um dos nossos maiores patrimônios, o Pré-Sal,
para as multinacionais. O Brasil reverterá, assim, à
condição colonial, de supridor de matérias primas e
de importador de produtos industrializados.
A Petrobrás, ao longo da sua até então exitosa
trajetória, tornou-se responsável por cadeia
produtiva de mais de 5000 empresas, nacionais e
estrangeiras, que empregavam cerca de 800.000
profissionais especializados. Ganhou inúmeros
prêmios internacionais de inovação. É a maior
referência internacional em tecnologias de exploração
e produção de petróleo em águas profundas e
ultraprofundas. O esforço de décadas está sendo
jogado no lixo. Restarão a nós brasileiros, com a
entrega às multinacionais do nosso petróleo, os
empregos em segurança, transporte e alimentação.
Será o réquiem da nossa engenharia.
O Clube de Engenharia participa de todos os
esforços para tentar barrar esse descalabro. É preciso
reagir à venda de nossas riquezas e à destruição do
futuro da nação brasileira.
A Diretoria
PRESIDENTE
Pedro Celestino da Silva Pereira Filho
1º VICE-PRESIDENTE
Sebastião José Martins Soares
2º VICE-PRESIDENTE
Márcio João de Andrade Fortes
DIRETORA DE ATIVIDADES
INSTITUCIONAIS
Maria Glícia da Nóbrega Coutinho
DIRETORES DE ATIVIDADES TÉCNICAS
Artur Obino Neto
João Fernando Guimarães Tourinho
José Eduardo Pessoa de Andrade
Maria Alice Ibañez Duarte
DIRETOR DE ATIVIDADES SOCIAIS
Bernardo Griner
DIRETOR DE ATIVIDADES CULTURAIS
Cesar Drucker
DIRETORES DE ATIVIDADES FINANCEIRAS
Leon Zonenschain
Luiz Oswaldo Norris Aranha
DIRETORIA DE ATIVIDADES
ADMINISTRATIVAS
Leon Zonenschain
Luiz Carneiro de Oliveira
CONSELHO FISCAL
Eliane Hasselmann Camardella Schiavo
Marco Aurélio Lemos Latgé
Denise Baptista Alves
Severino Pereira de Rezende Filho
CONSELHO EDITORIAL
Coordenador: Pedro Celestino
Alcides Lyra Lopes
Ana Lucia Moraes e Souza Miranda
Cláudia do Rosário Vaz Morgado
James Bolivar Luna de Azevedo
Lucas Getirana de Lima
Marcio Patusco Lana Lobo
Margarida Lourenço Castelló
Mariano de Oliveira Moreira
Newton Tadachi Takashina
Tatiana da Silva Ferreira
REDAÇÃO
Editora e jornalista responsável
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Tania Coelho - Reg. Prof. 16.903
Textos: Carolina Vaz - Reg. Prof. 0037449/RJ,
Guilherme Alves e
Rodrigo Mariano - Reg. Prof. 32.394/RJ
Editoração: Márcia Azen
Produção: Espalhafato Comunicação
Fotos: Fernando Alvim/Arquivo Clube de Engenharia
Colaboração: Marcia Ony
Impressão: Folha Dirigida
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