Jornal do Clube de Engenharia 605 (Agosto de 2019) | Page 10

NBR 6120 em processo de modernização Engenheiro empreendedor: protagonista de sua carreira O mercado de trabalho em Engenharia impõe hoje uma série de desafios. Para o engenheiro mecânico especializado em petróleo e energia Leonardo Pereira, a solução pode estar no espírito empreendedor do profissional. Pereira falou, em 11 de julho, no Clube de Engenharia, sobre “Como o engenheiro pode se tornar protagonista em sua vida profissional como empreendedor.” Uma das deficiências no ensino de Engenharia no Brasil, segundo o engenheiro, é exatamente a cria- ção de um espírito empreendedor: os profissionais são formados, majoritariamente, para o mercado de trabalho tradicional. Isso se torna um obstá- culo para pensar novas alternativas de trabalho e realização de projetos, sendo que, como explicou Pereira, isso não significa necessariamente abrir um novo negócio, mas sim ter uma atitude empreen- dedora, por exemplo, dentro da empresa onde já se atua. O ideal é que tanto a empresa esteja aberta a novas ideias quanto o profissional se sinta à vonta- de para sugeri-las. Quem está fora do mercado de trabalho também pode pensar em alternativas, como programa de incubação de empresas, editais que buscam profis- sionais inovadores, capacitações via entidades go- vernamentais ou da sociedade civil etc. “Você não tem que concorrer com a Petrobras, tem que buscar formas de atender as necessidades da Petrobras”, exemplificou o palestrante. Ele ainda ressaltou que uma das maiores deficiências do país na Enge- nharia hoje, e muito procurada pelas empresas, é a inovação. O evento foi promovido pelo Clube de Engenha- ria, Diretoria de Atividades Técnicas (DAT) e divisões técnicas de Exercício Profissional (DEP), Formação do Engenheiro (DFE), Construção (DCO), Ciência e Tecnologia (DCTEC), Eletrô- nica e Tecnologia da Informação (DETI), Manu- tenção (DMA) e Estruturas (DES). Leia mais no Portal do Clube de Engenharia: http://bit.ly/engempreendedor 10 “Norma de Cargas ABNT NBR 6120 - A evolu- ção da revisão da norma” foi a palestra promovida pelo engenheiro João Vendramini, presidente da Associação Brasileira de Engenharia e Consul- toria Estrutural (ABECE), em 24 de julho, no Clube de Engenharia. Por três décadas os cálculos que revelavam a carga que as obras seriam capa- zes de suportar tinham como base uma norma curta e pouco precisa: a NBR 6120, publicada em novembro de 1980 pela Associação Brasileira de Normas Técnicas (ABNT). Mudanças nos hábi- tos dos brasileiros, tanto em residências como em ambientes comerciais, no entanto, determinaram a urgência da revisão, cuja expectativa de publica- ção é final de 2019. A palestra trouxe ao público o texto ainda em revisão da norma. O acesso ao material foi possível porque a ABECE vem trabalhando no texto há cerca de cinco anos. Segundo Vendramini, a norma ainda vigente ignora uma série de variáveis na con- cepção de um projeto de engenharia. A proposta busca uniformizar nomenclaturas já estabelecidas em outros documentos da área, e dar confiabilida- de ao novo texto, uma vez que os poucos valores estabelecidos anteriormente já estavam muito “arraigados” nos profissionais. Para isso, foram levantados dados para determinar as cargas em numerosos casos. Uma das novidades, considerada, nas palavras de Vendramini, a “menina dos olhos” da norma, é a parte das Ações Variáveis. Trata-se de reconhecer que determinadas construções não estão expostas à mesma carga o tempo todo, como, por exemplo, aeroportos, shoppings, arquibancadas, escadas, dispensas, depósitos de supermercados e outros estabelecimentos.. Em determinadas situações, es- ses espaços estarão vazios e, em outras, com “carga de multidão”. Saber projetar uma obra com carga variável é, para o palestrante, motivo de grande mérito. O evento contou com promoção do Clube de En- genharia, Diretoria de Atividades Técnicas (DAT) e Divisão Técnica de Estruturas (DES), com apoio da ABECE e do Instituto Brasileiro do Concreto (IBRACON). Leia mais no Portal do Clube de Engenharia: http://bit.ly/nbrconstrucao Risco de corrosão no concreto e a proteção catódica O uso de concreto armado em edificações, conten- do barras de aço em seu interior, tem suas vanta- gens, mas também apresenta riscos, como a corro- são das barras, que pode comprometer a estrutura. “Corrosão e Proteção Catódica em Obras de Concreto” foi a palestra de Luiz Paulo Gomes, en- genheiro civil, autor do livro Sistemas de Proteção Catódica, e de Luiz Eduardo Cardoso, engenheiro civil pós-graduado em Estruturas, em 10 de julho, no Clube de Engenharia. Luiz Paulo Gomes esclareceu que o concreto íntegro, ou seja, com pH elevado e alta resistividade elétrica, não permite que o aço embutido se corroa. Fora dessas condições, com a entrada de umidade e cloreto, os poluentes abaixam o pH e a resistividade elétrica. Uma pilha de corrosão se forma no aço no interior do concreto: a existência de dois materiais metálicos próximos, com presença também de água e sal, faz com que a diferença de potencial entre os dois cause uma circulação de corrente elétrica. O fenômeno corrói o aço. Uma das maneiras de com- bater o problema é a proteção catódica, caracteri- zada pela inserção de um material metálico mais eletronegativo do que o aço que cause a inversão da corrosão. Estes anodos catódicos, que podem ser de zinco, alumínio ou magnésio, serão corroídos, mantendo o aço íntegro. Luiz Eduardo Cardoso registrou que a grande va- riedade de situações favorece o processo corrosivo. A preocupação com a corrosão deve ser comum a todos envolvidos na obra. “Se queremos segurança e durabilidade das estruturas temos que rever os procedimentos e a cultura. A cultura nos levará aos procedimentos adequados”, afirmou. O evento foi promovido pelo Clube de Enge- nharia, Diretoria de Atividades Técnicas (DAT), Divisão Técnica de Estruturas (DES), com apoio da Associação Brasileira de Engenharia e Consul- toria Estrutural (ABECE) e do Instituto Brasileiro do Concreto (IBRACON). Leia mais: http://bit.ly/corrosaoconcreto