Jornal do Clube de Engenharia 603 (Junho de 2019) | Page 12
o país
O Brasil perde uma ferramenta essencial
para o seu desenvolvimento
Pedro Celestino
Presidente do Clube de Engenharia
Decidiu, ainda, que a dispensa de
licitação não as exime de seguir
procedimentos que atendam
aos princípios de legalidade,
impessoalidade, moralidade e
publicidade estabelecidos no art.
37 da Constituição Federal, de
modo a assegurar a necessária
competitividade.
Estava em causa a alienação de ativos
da Petrobrás, política adotada desde a
gestão Bendine, no governo de Dilma
Rousseff, para reduzi-la à condição
de mera produtora e exportadora
de petróleo bruto, tornando o Brasil
refém das petroleiras privadas
multinacionais para o atendimento
às suas necessidades de derivados de
petróleo e de petroquímicos.
O Supremo atendeu à lógica
formal. Se a decisão de investir
em determinado ativo, ou de criar
subsidiária ou controlada, não se
baseou em autorização legislativa,
não há por que exigi-la nas alienações
de controle acionário. Não atentou
o Supremo, entretanto, para a fraude
intencional à lei, praticada pelas
Mais de 5000 empresas, nacionais e estrangeiras, cerca de 800.000 empregos qualificados, dos quais
mais de 60.000 engenheiros, perderão a razão de ser.
Clube de Engenharia
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administrações da Petrobrás desde
Bendine: criam subsidiárias com o
propósito deliberado de permitir a
sua venda. Privatizam a Petrobrás
por partes (gasodutos, refinarias,
petroquímicas), em negócios sem a
mínima transparência. Nesta toada,
todos os ativos da Petrobrás poderão
ser vendidos sem a necessária
autorização legislativa. Sob o silêncio
atordoante das nossas lideranças
O Supremo Tribunal Federal
decidiu, em 06 de junho, que a
alienação do controle acionário de
empresas públicas e sociedades de
economia mista exige autorização
legislativa e licitação; entretanto, a
exigência de tal autorização não se
aplica à alienação de subsidiárias e
controladas, desde que a criação delas
não tenha sido feita por lei.
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empresariais, o Brasil perde
uma ferramenta essencial ao seu
desenvolvimento.
Décadas de esforços para construir
uma das maiores petroleiras do
mundo estão postos a perder.
Mais de 5000 empresas, nacionais
e estrangeiras, cerca de 800.000
empregos qualificados, dos quais os de
mais de 60.000 engenheiros, perderão
a razão de ser. A nós, brasileiros no
setor de óleo e gás, restarão empregos
e negócios nas áreas de segurança,
transporte e alimentação. Por isto, está
de luto o Brasil.
O Clube de Engenharia continuará
a lutar pela preservação do nosso
patrimônio. Neste sentido, conclama
todos quantos tenham compromisso
com os interesses nacionais a
instarem o Congresso Nacional
a, com a urgência possível, adotar
legislação que impeça a continuidade
do desmonte da nossa estrutura
produtiva, que nos remete de volta
ao passado colonial e ao risco de uma
explosão social.
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