Jornal do Clube de Engenharia 603 (Junho de 2019) | Page 10

A energia nuclear ainda é alvo de muito precon- ceito, em sua maioria baseado em desinformação. No século XXI, os procedimentos de segurança e monitoramento em instalações com material radioativo são os mais avançados possíveis. “Des- mistificando a Energia Nuclear” foi a palestra do dia 04 de Junho no Clube de Engenharia, com participação de Eduardo Di Blasi, engenheiro civil especialista em Engenharia Nuclear e mem- bro da Comissão Nacional de Energia Nuclear (CNEN), Domingos D’Oliveira, engenheiro eletricista mestre em Engenharia Nuclear, e Neil- son Ceia, engenheiro eletricista pós-graduado em Engenharia de Segurança do Trabalho e subchefe da Divisão Técnica de Engenharia de Segurança (DSG) do Clube de Engenharia. São três os princípios fundamentais para a radio- proteção, informa Domingos D’Oliveira: 1. Justifi- cativa - quando a prática em questão vai gerar mais benefício do que potencial dano; 2. Limitação de dose individual - que visa a utilizar a menor dose possível para que a prática aconteça sem agredir ninguém; e 3. Otimização da proteção, que trata de continuar trabalhando novas técnicas e tecnolo- gias para diminuir o risco na atividade, como, por exemplo, trocar trabalhadores por robôs. Em ambientes onde se trabalha com materiais radioativos, um dos fundamentos é a Cultura de Segurança. Segundo Eduardo Di Blasi, a noção de segurança para si e para todos precisa perpassar todo o corpo de funcionários. Além disso, a segurança é a regra número um, estando acima de qualquer outra prioridade competitiva, inclusive vantagem econômica. Colocar a segurança em risco em prol de economia não é uma possibilidade em instituições com cultura de segurança bem estruturada. O engenheiro eletricista Neilson Ceia aprofundou o assunto no que diz respeito à proteção de trabalha- dores em ambientes que utilizam material radioati- vo. Segundo ele, as legislações vigentes buscam pro- teger os trabalhadores e o meio ambiente. Alguns Energia nuclear: desinformação leva ao preconceito Da esquerda para a direita: Domingos D’Oliveira, Neilson Ceia e Eduardo DiBlasi exemplos são as normas reguladoras, como a NR 15 voltada para atividades e operações insalubres, e a NR 16, para atividades e ações perigosas, e especifi- camente para ambientes que expõem o trabalhador a substâncias radioativas existe a Portaria nº 518, de 2003, do Ministério do Trabalho. Leia mais: http://bit.ly/PalestraNuclear Disposição oceânica de efluentes: estudo de caso na Bahia O objetivo da palestra foi apresentar o Sistema de Disposição Oceânica instalado no Polo e um estudo realizado no local sobre seu impacto no ecossistema. O emissário submarino lá instalado, em funciona- mento até hoje, é uma obra do início dos anos 90. Segundo Saback, a Estação de Tratamento instalada no polo tem uma vazão diária de 144.000 m³ de efluentes, o equivalente ao tratamento do esgoto de uma cidade com três milhões de habitantes. O 10 emissário tem uma extensão terrestre de 11km e submarina de 5km, adentrando o mar a 20 metros de profundidade. Tanto a parte terrestre quanto a submarina têm como material aço carbono, sendo a submarina ainda revestida de uma camada de con- creto de 30 centímetros. A vazão do sistema é de 3m³ por segundo. Os últimos 30 metros do emis- O descarte de resíduos líquidos é uma questão que mobiliza grande diversidade de profissionais. A pre- ocupação com o meio ambiente e a conservação dos recursos naturais torna-se ainda mais sensível quan- do o resíduo é industrial. Esse foi o tema da palestra “Sistema de Disposição Oceânica para efluentes industriais: estudo de caso”, no Clube de Engenha- ria, em 21 de maio, com o engenheiro Fernando Saback. Especialista em Sistemas de Tratamento de Efluentes Industriais, Saback foi gerente do Sistema de Tratamento de Efluentes do Polo Petroquímico de Camaçari, na Bahia, durante nove anos. A Praia de Arembepe, em Camaçari, é o cenário que recebe o Sistema de Disposição Oceânica local. sário submarino contêm um sistema de difusores dos efluentes, largamente distribuídos para garan- tir a diluição. O professor e sua equipe de estudo analisaram a eficiência do tratamento e da diluição. Para o engenheiro, é um caso de sucesso que prova a viabilidade técnica e ambiental do sistema, desde que bem projetado, operado e monitorado: “O sis- tema de disposição oceânica precisa ser tratado com profissionais com toda a competência, com todas as premissas, e ser muito bem avaliado”, afirmou. A palestra teve a moderação de Jorge Rios, chefe da Divisão Técnica de Recursos Hídricos e Sa- neamento (DRHS), foi promovida pelo Clube de Engenharia, Diretoria de Atividades Técnicas (DAT), DRHS e Divisão Técnica de Recursos Naturais Renováveis (DRNR). “Apoiaram o evento a Divisão Técnica Engenharia do Ambiente (DEA), a Associação Brasileira de Engenharia Sanitária e Ambiental (ABES-Rio) e a Associação Brasileira de Profissionais Especializados na França (ABPEF). Leia mais: http://bit.ly/DisposicaoOceanica