Jornal do Clube de Engenharia 600 (Março de 2019) | Page 11

março DE 2019 DTEs Santos Dumont foi reabilitado após o incêndio em 1988 O incêndio aconteceu em 13 de fevereiro de 1998, durante a ma- drugada. Pelo menos um ponto de curto-circuito danificou cerca de dois terços da área construída, em torno de 25.000m². Battista compareceu ao local logo no primeiro dia, para levantamento dos danos na estrutura, agregando-se a um grupo de enge- nheiros dedicados às ações emergen- ciais. Analisando estruturas incinera- das e retorcidas, como peças metálicas, concluíram que a temperatura durante o incêndio havia passado dos 800°C. E também perceberam que partes das estruturas contiveram o avanço do fogo, como o forro rebaixado em gesso, enquanto outras facilitaram a entrada de calor, como as vigas retan- gulares. A verificação de que foram danificados mais os pilares de seção quadrada e menos os de seção circular e revestidos com pastilhas vitrificadas foi essencial para a posterior reabili- tação da estrutura. Foram efetuadas medidas emergenciais para estabiliza- ção da estrutura, como o escoramento metálico entre estruturas em grelha dos pavimentos e o reforço emergen- cial dos pilares rompidos. O grupo também fez ensaios com o concreto de pilares danificados e as barras de armadura. Patrimônio Histórico Ao final desses estudos, a equipe que trabalhava no local tinha que decidir entre demolir e reabilitar a edificação, baseando-se em critérios técnicos, O Aeroporto Santos Dumont, no centro do Rio de Janeiro, hoje com 83 anos, foi atingido em 1998 por um grande incêndio, que durou oito horas e chegou a todos os seus pavimentos. O engenheiro civil Ronaldo Battista, consultor em Engenharia de Estru- turas de Grande Porte, professor da COPPE/UFRJ e presidente da Asso- ciação Sul-Americana de Engenharia Estrutural – ASAEE, memória viva dos fatos, revelou no dia 13 de março, no Clube de Engenharia, detalhes da recuperação do aeroporto na palestra “O incêndio no aeroporto Santos Dumont: avaliação dos danos, provi- dências e reforço estrutural”. econômicos e na relevância cultural do espaço. “Era um edifício tombado, com arquitetura dos Irmãos Roberto, um patrimônio histórico e cultural do Rio de Janeiro”, comentou Battista. Em vista disso, decidiram pela reabili- tação. A estrutura original foi estuda- da para ser aprimorada, uma vez que constataram um bom desempenho de seus elementos ao longo do acidente. Na prática, o reforço envolveu ações como encamisamento dos pilares com armaduras, seguido de preenchimento com argamassa do tipo graute e recu- peração de vigas danificadas. Segui- ram-se testes dinâmicos para checar a estabilidade da edificação, com equipa- mentos de medição de vibração e testes de carga estática para avaliar a resistên- cia a cargas elétricas. “Era emergencial e tinha dinheiro para fazer direito”, comentou o engenheiro, registrando que o Santos Dumont foi entregue reabilitado no mesmo ano. O telhado foi reconstruído, assim como o interior da edificação e a fachada. Até mesmo o painel com a imagem de Santos Dumont foi reestruturado — por sinal, pelo filho do artista original. Foco na prevenção Ronaldo Battista participou das medidas emergenciais após incêndio e de toda a reabilitação do aeroporto. Battista não deixou de registrar a re- levância desse caso para a atualidade: “O resgate dessa memória tem muito do presente, porque incêndios conti- nuam ocorrendo no Brasil, destruin- do importante patrimônio público e privado”. Ao final da palestra, o engenheiro deixou recomendações para se evitar incêndios em edificações em geral. Segundo ele, a principal causa desse tipo de acidente é a falta de manutenção das instalações, assim como os acréscimos na estrutura não previstos em projeto. A origem do fogo costuma acontecer na forma de curtos-circuitos, em instalações não projetadas ou executadas fora das nor- mas da Associação Brasileira de Nor- mas e Técnicas (ABNT). O engenhei- ro considera essencial que se tenham instrumentos para conter a primeira chama e a rápida propagação do fogo, com sistemas eficientes de extinção das chamas — como, por exemplo, sensores capazes de detectar o aumen- to de temperatura no local e já acionar a contenção. Também comentou a necessidade de haver, não somente na escolha das construtoras, mas desde a produção industrial, materiais de acabamento realmente resistentes ao fogo. Por fim, deixou o recado: não há estrutura que passe por um incêndio prolongado e de grande intensidade, e não fique degradada. Portanto, a principal ação é a prevenção. A palestra foi promovida pela Di- visão Técnica de Estruturas (DES), Associação Brasileira de Engenharia e Consultoria Estrutural (ABECE) Regional Rio de Janeiro, e Instituto Brasileiro do Concreto (Ibracon) Regional Rio de Janeiro. DIRETORES DE ATIVIDADES TÉCNICAS: Artur Obino Neto; João Fernando Guimarães Tourinho; José Eduardo Pessoa de Andrade; Maria Alice Ibañez Duarte Divisões técnicas especializadas Ciência E Tecnologia (DCTEC): Chefe: Alexandre Vacchiano de Almeida; Subchefe: Marcio Patusco Lana Lobo | CONSTRUÇÃO (DCO): Chefe: Rivamar da Costa Muniz; Subchefe: Abílio Borges | ELETRÔNICA E TECNOLOGIA DA INFORMAÇÃO (DETI): Chefe: Miguel Santos Leite Sampaio; Subchefe: Gilberto Paes França | ENERGIA (DEN): Chefe: James Bolivar Luna de Azevedo; Subchefe: Alcides Lyra Lopes | ENGENHARIA DE SEGURANÇA (DSG): Chefe: Ricardo de Noronha Viegas (licenciado até 2020); Subchefe: Neilson Marino Ceia | ENGENHARIA DO AMBIENTE (DEA): Chefe: Paulo Murat de Sousa; Subchefe: Abílio Valério Tozini | ENGENHARIA ECONÔMICA (DEC): Chefe: Mauro de Souza Gomes; Subchefe: Paulo Tadeu Costa | ENGENHARIA INDUSTRIAL (DEI): Chefe: Luiz Antônio Fonseca Punaro Barata; Subchefe: Elinei Winston Silva | ENGENHARIA QUÍMICA (DTEQ): Chefe: José Eduardo Pessoa de Andrade; Subchefe: Simon Rosental | ESTRUTURAS (DES): Chefe: Robson Dutra da Veiga; Subchefe: Roberto Possollo Jerman | EXERCÍCIO PROFISSIONAL (DEP): Chefe: Jose Jorge da Silva Araujo; Subchefe: Bruno Silva Mendonça | FORMAÇÃO DO ENGENHEIRO (DFE): Chefe: Jorge Luiz Bitencourt da Rocha; Subchefe: José Brant de Campos | GEOTECNIA (DTG): Chefe: Manuel de Almeida Martins; Subchefe: Ian Schumann Marques Martins | MANUTENÇÃO (DMA): Chefe: José César da Silva Loroza; Subchefe: Carlos Alberto Barros Gutierrez | PETRÓLEO E GÁS (DPG): Chefe: Newton Tadachi Takashina; Subchefe: Irineu Soares | RECURSOS HÍDRICOS E SANEAMENTO (DRHS): Chefe: Jorge Luiz Paes Rios; Subchefe: Miguel Fernández Y Fernández | RECURSOS MINERAIS (DRM): Chefe: Marco Aurélio Lemos Latgé; Subchefe: Ana Maria Netto | RECURSOS NATURAIS RENOVÁVEIS (DRNR): Chefe: Ibá dos Santos Silva; Subchefe: Arciley Alves Pinheiro | TRANSPORTE E LOGÍSTICA (DTRL): Chefe: Alcebíades Fonseca; Subchefe: Licínio Machado Rogério | URBANISMO E PLANEJAMENTO REGIONAL (DUR): Chefe: Uiara Martins de Carvalho; Subchefe: Guilherme Fonseca Cardoso 11