Jornal do Clube de Engenharia 599 (Fevereiro de 2019) | Page 2
Editorial
EXPEDIENTE
Barragens: diagnóstico exige tempo e estudos técnicos
O rompimento da barragem da Mina Córrego do
Feijão, da Vale, em Brumadinho (MG), em janeiro
de 2019, precedida do rompimento da barragem
de Fundão, da Samarco, em Mariana (MG), em
2015, teve repercussão internacional. Prejuízos de
consequências incalculáveis para a população e
para o país, do ponto de vista humano, ambiental,
econômico e ético continuam a ser identificados, e
a gravidade do cenário exige mais que consterna-
ção, solidariedade e indignação.
O Clube de Engenharia, ciente de sua imensa
responsabilidade na área das engenharias, com
histórica participação de longo tempo nos debates
que tratam da segurança de barragens, reconhece
que é preciso ir além.
Entre as muitas iniciativas encaminhadas, con-
vidou-se para uma reunião geral conselheiros do
Clube e do CREA-RJ com a participação aberta a
entidades representativas da área, entre elas a Aca-
demia Nacional de Engenharia (ANE), a Associa-
ção Brasileira de Mecânica dos Solos e Engenharia
Geotécnica (ABMS) e o Comitê Brasileiro de
Barragens (CBDB), dentre outras, além dos que,
voluntariamente, vêm somando seus conhecimen-
tos às discussões em andamento.
Desde o primeiro momento ficou evidente que os
posicionamentos deveriam se afastar de avaliações
pessoais, de relatos divulgados na imprensa e acu-
sações a entidades, públicas ou privadas, na busca
de identificar possíveis responsáveis, talvez com o
objetivo de apenas emitir opinião. No tratamento
de enfermidades, médicos solicitam exames antigos
e novos para obter um histórico da doença antes de
diagnósticos precisos. Sem elementos técnicos não
há chance de uma conclusão com credibilidade que
permita, de fato, fazer avançar o debate. Para isso
são necessários dados geológicos, geotécnicos e hi-
drológicos, entre outras informações, considerando
inclusive que o Brasil tem barragens muito antigas,
algumas provavelmente sem estudos, sem projetos
e sem controle de execução e auscultação.
Fundado no tempo do Império, o Clube de
Engenharia se notabilizou por sua postura cuida-
dosa e criteriosa nas manifestações públicas e pela
capacidade de reunir profissionais especializados
na análise de dados. São estudos que devem gerar
propostas executáveis e respaldadas em bases reais.
Para isso, os pré-requisitos e critérios necessários
são: tempo, grupo multidisciplinar, e uma enti-
dade que congregue os integrantes da comissão.
A perspectiva é uma ação que contribua para a
implementação de soluções de forma a eliminar
do cenário nacional a brutalidade de fatos que vêm
se repetindo sem um diagnóstico que gere ações
eficazes do Poder Público, Federal, Estadual e Mu-
nicipal, e que tranquilize a sociedade brasileira.
Em processo de sistematização de elementos
técnicos, ficamos à disposição do Ministério de
Minas Energia. A ação foi acatada pelo Ministro
Bento Albuquerque, que enviou representantes da
Secretaria de Geologia e Mineração para parti-
cipar de reunião com as Academias Nacional de
Engenharia (ANE) e Brasileira de Ciência (ABC),
quando o Clube de Engenharia teve oportunidade
de formular sua posição. De maneira responsável e
consistente, ações conjuntas vão sendo estruturadas
para que, em especial o Poder Público e as empre-
sas mineradoras, ao invés de mitigar riscos, atuem
de forma a prevenir e a virar esse triste capítulo de
nossa história, com catástrofes lamentavelmente
registradas como tragédias surpreendentes.
A Diretoria
PRESIDENTE
Pedro Celestino da Silva Pereira Filho
1º VICE-PRESIDENTE
Sebastião José Martins Soares
2º VICE-PRESIDENTE
Márcio João de Andrade Fortes
DIRETORA DE ATIVIDADES
INSTITUCIONAIS
Maria Glícia da Nóbrega Coutinho
DIRETORES DE ATIVIDADES TÉCNICAS
Artur Obino Neto
João Fernando Guimarães Tourinho
José Eduardo Pessoa de Andrade
Maria Alice Ibañez Duarte
DIRETOR DE ATIVIDADES SOCIAIS
Bernardo Griner
DIRETOR DE ATIVIDADES CULTURAIS
Cesar Drucker
DIRETORES DE ATIVIDADES FINANCEIRAS
Leon Zonenschain
Luiz Oswaldo Norris Aranha
DIRETORIA DE ATIVIDADES
ADMINISTRATIVAS
Leon Zonenschain
Luiz Carneiro de Oliveira
CONSELHO FISCAL
Eliane Hasselmann Camardella Schiavo
Marco Aurélio Lemos Latgé
Denise Baptista Alves
Mauro Fernando Orofino Campos
Severino Pereira de Rezende Filho
CONSELHO EDITORIAL
Coordenador: Pedro Celestino
Alcides Lyra Lopes
Ana Lúcia Moraes e Souza Miranda
Carlos Antonio Rodrigues Ferreira (Licenciado)
Fátima Sobral Fernandes
José Stelberto Porto Soares
Márcio Patusco Lana Lobo
Margarida Lourenço Castelló
Mariano de Oliveira Moreira
Newton Tadachi Takashina
Tatiana da Silva Ferreira
REDAÇÃO
Editora e jornalista responsável
Tania Coelho - Reg. Prof. 16.903
Textos: Carolina Vaz - Reg. Prof. 0037449/RJ e
Guilherme Alves
Editoração: Márcia Azen
Produção: Espalhafato Comunicação
Fotos: Fernando Alvim/Arquivo Clube de Engenharia
Colaboração: Marcia Ony
Impressão: Folha Dirigida
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