Jornal do Clube de Engenharia 598 (Janeiro de 2019) | Page 2

www.clubedeengenharia.org.br EDITORIAL EXPEDIENTE A ruptura de barragem em Brumadinho Desde há muito o Clube de Engenharia se preocupa com a segurança de barragens, tendo inclusive parti- cipado da concepção da Lei Federal 12.334, de 20 de setembro de 2010, que estabelece a Política Nacional de Segurança de Barragens destinadas à acumulação de água para quaisquer usos e à disposição final ou temporária de resíduos industriais. Entretanto, mortes e perda de patrimônio público e privado continuam a ocorrer. A ruptura da barragem de resíduos de Mariana, o maior desastre ambiental ocorrido no país até então, não levou o Poder Público Federal, nem os Estaduais, a mudarem de procedi- mento, para que passassem a exigir dos proprietários de barragens o rígido atendimento aos protocolos de operação, de manutenção e de mitigação de ris- cos. Sob a alegação de dificuldades orçamentárias, fragiliza-se o corpo técnico dos órgãos públicos, em quantidade e em qualidade. A ruptura que vem de ocorrer em Brumadinho é chocante, porquanto há pouco mais de um mês as autoridades ambientais de Minas Gerais haviam autorizado a Vale a expandir suas operações na região, e considerado segura a bar- ragem que ruiu. É necessário, pois, apurar as respon- sabilidades técnicas, de profissionais das áreas pública e privada, para retirar os ensinamentos do ocorrido e tomar providências para que não mais ocorram. Tais acidentes poderiam ser evitados com correta manutenção. Barragens de rejeitos são estruturas que exigem atenção permanente, em função das mudan- ças contínuas nas solicitações a que são submetidas. Barragens de rejeitos são estruturas construídas em paralelo com a fase de operação. Controlar a segu- rança, nesse caso, é um desafio para os sistemas de gestão de risco, devido à combinação de fatores ope- racionais. Também existe o fator chuva. No nosso país, onde há com frequência precipitações intensas, é fundamental controlar o nível d’água nos reserva- tórios, para que o volume adicionado por chuva não faça com que aquele nível se aproxime do topo, cha- mado de crista da barragem. Desse modo, existem variadas causas possíveis para uma ruptura: podem ser operacionais, p.ex., por deficiência no monitora- mento; por reservatórios com capacidade insuficien- te para volumes excessivos de água; por vertedouro construído em etapas e não permanentemente; por erosões no pé da barragem, entre outras. O Clube de Engenharia, em parceria com a ANE – Academia Nacional de Engenharia, com a ABMS – Associação Brasileira de Mecânica dos Solos e Engenharia Geotécnica e com o CBDB – Comitê Brasileiro de Barragens, dedica-se permanentemente ao tema Segurança de Barragens, através da realiza- ção de debates e de seminários com os principais es- pecialistas do país. Com essas credenciais coloca-se, com as suas parceiras, à disposição das autoridades públicas envolvidas com a catástrofe de Brumadinho, na busca de soluções que permitam tranquilizar a sociedade, traumatizada pela sucessão de acidentes, infelizmente previsíveis. A Diretoria N.R. Esta edição já estava fechada quando ocorreu a ruptura da barragem de Brumadinho, que levou o Clube de Engenharia, de imediato, a se manifestar publicamente com o texto acima sob o título Nota sobre a ruptura de barragem em Brumadinho. PRESIDENTE Pedro Celestino da Silva Pereira Filho 1º VICE-PRESIDENTE Sebastião José Martins Soares 2º VICE-PRESIDENTE Márcio João de Andrade Fortes DIRETORA DE ATIVIDADES INSTITUCIONAIS Maria Glícia da Nóbrega Coutinho DIRETORES DE ATIVIDADES TÉCNICAS Artur Obino Neto João Fernando Guimarães Tourinho José Eduardo Pessoa de Andrade Maria Alice Ibañez Duarte DIRETOR DE ATIVIDADES SOCIAIS Bernardo Griner DIRETOR DE ATIVIDADES CULTURAIS Cesar Drucker DIRETORES DE ATIVIDADES FINANCEIRAS Leon Zonenschain Luiz Oswaldo Norris Aranha DIRETORIA DE ATIVIDADES ADMINISTRATIVAS Leon Zonenschain Luiz Carneiro de Oliveira CONSELHO FISCAL Eliane Hasselmann Camardella Schiavo Marco Aurélio Lemos Latgé Denise Baptista Alves Mauro Fernando Orofino Campos Severino Pereira de Rezende Filho CONSELHO EDITORIAL Coordenador: Pedro Celestino Alcides Lyra Lopes Ana Lúcia Moraes e Souza Miranda Carlos Antonio Rodrigues Ferreira (Licenciado) Fátima Sobral Fernandes José Stelberto Porto Soares Márcio Patusco Lana Lobo Margarida Lourenço Castelló Mariano de Oliveira Moreira Newton Tadachi Takashina Tatiana da Silva Ferreira REDAÇÃO Editora e jornalista responsável Tania Coelho - Reg. Prof. 16.903 Textos: Carolina Vaz - Reg. Prof. 0037449/RJ e Guilherme Alves SEDE SOCIAL Clube de Engenharia Fundado em 24 de dezembro de 1880 2 Edifício Edison Passos Av. Rio Branco, 124 CEP 20148-900 - Rio de Janeiro - RJ Tel.: (21) 2178-9200 / Fax: (21) 2178-9237 [email protected] www.clubedeengenharia.org.br Editoração: Márcia Azen Produção: Espalhafato Comunicação Fotos: Fernando Alvim/Arquivo Clube de Engenharia Colaboração: Marcia Ony Impressão: Folha Dirigida