Jornal do Clube de Engenharia 596 (Novembro de 2018) | Page 2
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EDITORIAL
EXPEDIENTE
A formação de engenheiros e engenheiras do futuro
Em setembro deste ano, o Clube de Engenharia
e a Academia Nacional de Engenharia enviaram,
conjuntamente, documento com considerações
ao Conselho Nacional de Educação (CNE) so-
bre a proposta de Novas Diretrizes Curriculares
Nacionais (DCNs) para os cursos de graduação
em Engenharia, trazida a público no mês anterior.
Partindo da premissa de que tal atualização reque-
ria, necessariamente, mais diálogo com a categoria,
em especial com as Escolas de Engenharia, com
as organizações da área e com o setor produtivo, o
Clube e a Academia se posicionaram criticamente
em relação a diferentes pontos da proposta apre-
sentada pelo CNE e pleitearam a realização de
uma Audiência Pública para que se auscultasse as
opiniões da categoria.
Tal debate é de extrema relevância porque as dire-
trizes curriculares determinam os caminhos que as
Escolas seguirão na formação dos engenheiros e das
engenheiras do futuro. Em 1976, o então Conselho
Federal de Educação emitiu a Resolução 48, que
fundamentou currículos capazes de combinar as
disciplinas de formação geral, essenciais para a for-
mação ética, cidadã e transdisciplinar, e as discipli-
nas de formação específica, voltadas para o exercício
da profissão na habilitação escolhida. Acreditamos
que essa configuração não pode ser perdida, embora
atualizações sejam possíveis e necessárias. É impor-
tante que o CNE indique os conteúdos esperados
para os dois segmentos de disciplinas, considerando
conteúdos mínimos, como a física, a química, a ma-
temática e a as ciências do ambiente. Cada Escola
deve, no entanto, ter autonomia para organizar seus
cursos a partir dessas diretrizes, respeitando a iden-
tidade própria e as peculiaridades locais e regionais.
Uma reestruturação do ciclo básico dos cursos
é benvinda, já que o contato com disciplinas de
formação específica desde o início do curso, ao
contrário do que ocorre hoje, é importante para
estimular o futuro profissional em sua área. Outro
ponto essencial é a atualização dos currículos para
os desafios da Engenharia atual, compreendendo
a importância do estímulo às culturas de educação
continuada, da inovação e do empreendedorismo
entre os estudantes. Apoiamos o estímulo à forma-
ção com autonomia, com o emprego de metodo-
logias pedagógicas participativas e o incentivo às
empresas juniores, regulamentadas no Brasil pela
lei 13.267/2016. O fomento à organização de redes
interinstitucionais, visando a troca de experiências
entre os cursos de Engenharia das várias institui-
ções, também é uma diretriz relevante.
São preocupantes os dados sobre a formação dos
engenheiros e das engenheiras hoje. O alto índice
de evasão, acima de 50%, é reflexo de problemas
como a educação básica insuficiente em mate-
mática e física, além da frágil articulação entre as
Escolas e o setor produtivo. Uma flexibilização do
processo de contratação de professores também
pode ajudar a estancar a evasão: com a exigência de
mestrado e doutorado, além de pelo menos 1/3 dos
docentes em dedicação exclusiva, acreditamos que
os cursos perdem a oportunidade de estarem mais
próximos de profissionais do setor produtivo.
É o futuro da Engenharia que está em discussão,
com questões que devem ser amadurecidas. Neste
sentido, após negociações, o CNE concordou em
sediar no Clube, no dia 21 de novembro último,
Audiência Pública sobre as diretrizes curriculares
nacionais dos Cursos de Engenharia propostas
pelo CNE. (Matéria publicada na página 3 desta
edição). Esperamos que outras ocorram, para que
se alcance o objetivo que todos almejamos: melho-
rar a qualidade dos cursos de Engenharia
A Diretoria
PRESIDENTE
Pedro Celestino da Silva Pereira Filho
1º VICE-PRESIDENTE
Sebastião José Martins Soares
2º VICE-PRESIDENTE
Márcio João de Andrade Fortes
DIRETORA DE ATIVIDADES
INSTITUCIONAIS
Maria Glícia da Nóbrega Coutinho
DIRETORES DE ATIVIDADES TÉCNICAS
Artur Obino Neto
João Fernando Guimarães Tourinho
José Eduardo Pessoa de Andrade
Maria Alice Ibañez Duarte
DIRETOR DE ATIVIDADES SOCIAIS
Bernardo Griner
DIRETOR DE ATIVIDADES CULTURAIS
Cesar Drucker
DIRETORES DE ATIVIDADES FINANCEIRAS
Leon Zonenschain
Luiz Oswaldo Norris Aranha
DIRETORIA DE ATIVIDADES
ADMINISTRATIVAS
Leon Zonenschain
Luiz Carneiro de Oliveira
CONSELHO FISCAL
Eliane Hasselmann Camardella Schiavo
Marco Aurélio Lemos Latgé
Denise Baptista Alves
Mauro Fernando Orofino Campos
Severino Pereira de Rezende Filho
CONSELHO EDITORIAL
Coordenador: Pedro Celestino
Alcides Lyra Lopes
Ana Lúcia Moraes e Souza Miranda
Carlos Antonio Rodrigues Ferreira (Licenciado)
Fátima Sobral Fernandes
José Stelberto Porto Soares
Márcio Patusco Lana Lobo
Margarida Lourenço Castelló
Mariano de Oliveira Moreira
Newton Tadachi Takashina
Tatiana da Silva Ferreira
REDAÇÃO
Editora e jornalista responsável
Tania Coelho - Reg. Prof. 16.903
Textos: Rodrigo Mariano - Reg. Prof. 32.394/RJ,
Carolina Vaz - Reg. Prof. 0037449/RJ e
Guilherme Alves
Editoração: Márcia Azen
Produção: Espalhafato Comunicação
Fotos: Fernando Alvim/Arquivo Clube de Engenharia
Colaboração: Marcia Ony
Impressão: Folha Dirigida
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