Sandro Yamamoto , Diretor Técnico da ABEEólica : " Nós temos os melhores ventos do mundo "
Com ventos de qualidade , alto grau de nacionalização da cadeia produtiva , e tendo se posicionado em 2015 entre uma das 10 maiores capacidades de energia instalada , em ranking mundial , a energia eólica no Brasil passa por turbulências . O ritmo de seu desenvolvimento é maior do que os fatores dos quais depende , como a ocorrência de leilões de energia , questões de infraestrutura necessária e o ambiente econômico em geral . Este foi o cenário desenhado na palestra de Sandro Yamamoto , Diretor
|
Técnico da Associação Brasileira de Energia Eólica ( ABEEólica ) em 17 de janeiro no Clube de Engenharia . O evento foi promovido pela Diretoria de Atividades Técnicas ( DAT ) e as Divisões Técnicas de Energia ( DEN ), Engenharia do Ambiente ( DEA ), Ciência e Tecnologia ( DCTEC ) e Recursos Naturais Renováveis ( DRNR ).
Uma opção para os fabricantes de parques eólicos é vender seus produtos e serviços no ambiente de livre contratação , como na construção de um parque eólico para uma fábrica específica . No entanto , as melhores oportunidades estão na contratação regulada , onde a energia eólica se junta às demais para integrar os sistemas de transmissão pelo país . Aí reside o grande problema do setor hoje , uma vez que as distribuidoras de energia estão em situação de “ sobra de energia ” em virtude da recente diminuição do consumo . Assim , deixam de realizar leilões para contratação de novos projetos . Um leilão com 800 projetos já cadastrados , que seria realizado em
|
dezembro de 2016 para eólica e solar , foi cancelado por este motivo , comprometendo o setor da eólica em 2019 , quando se começaria a cumprir os novos contratos . Os projetos representariam mais de 21 GW . Também preocupa a falta de planos do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social ( BNDES ), que tem aí um papel fundamental , uma vez que grande parte dos projetos de eólica em execução conta com seu financiamento .
A falta de novos contratos constitui um grande problema em um setor que cresceu nos últimos anos e pode continuar sua ascensão . De 2012 para 2014 , a capacidade instalada de energia eólica , em GW , dobrou no Brasil . O mesmo aconteceu de 2014 para 2016 , chegando a um total , hoje , de 10,7 GW instalados . A falta do leilão também representou uma exceção . Na série histórica de 2009 a 2015 , leiloou-se no país um total de 33,76 GW de energia elétrica , sendo 15,19 apenas para parques eólicos , ou seja , quase metade .
|
Os leilões até 2015 garantiram muitos projetos com instalação prevista até 2020 . São mais de 3000 aerogeradores a serem instalados , representando quase 9 GW para a matriz elétrica . A meta da ABEEólica e da indústria , hoje , é vender por ano 2 GW em parques eólicos . Porém , em 2015 , apenas 1 GW foi vendido , representando 500 aerogeradores ; e em 2016 , nenhum . Mesmo assim , Sandro Yamamoto reforça o potencial do país : “ Um parque eólico , com a potência instalada no Brasil , se instalado em outro país , como Japão , China e Dinamarca , não tem o mesmo rendimento . Nós temos os melhores ventos do mundo ”.
O Brasil tem seis fabricantes de aerogeradores , dos quais apenas um é brasileiro . Em 2012 , através de uma nova regra de conteúdo local , foram obrigados a aumentar a quantidade de peças nacionalizadas nos equipamentos , o que representou a entrada de novas empresas na cadeia produtiva . Hoje , pelo menos 80 % dos componentes das torres eólicas são nacionalizados .
|