Jornal do Clube de Engenharia 573 (Dezembro de 2016) | Page 5
DEZEMBRO DE 2016
pré-sal
O petróleo, o Pré-Sal e a Petrobras
Nos dias 10 e 11 de novembro, ao longo da manhã e da tarde, o Clube de Engenharia reuniu empresários da área do óleo e gás,
acadêmicos, intelectuais, representantes da indústria naval, advogados, funcionários e ex-funcionários da Petrobras e entidades da
sociedade. Foram pautas centrais: o entendimento da atual conjuntura e a busca de caminhos para proteger nossas riquezas e garantir
a soberania nacional
Cerca de 92% de todo o transporte
do mundo é movido a derivados de
petróleo. Dos materiais e produtos
usados no dia a dia, 85% vêm
desse mesmo insumo. É também o
petróleo que move o aparato bélico
do planeta. Longe de terminar, a era
do petróleo segue viva como nunca
e as batalhas políticas e diplomáticas
pelo controle das reservas ainda
acontecem em gabinetes a
portas fechadas. Representando
diferentes setores da sociedade
e áreas de especialização, em 15
painéis seguidos de debate foram
apresentados casos de outros países,
números esmiuçados e muitos
foram os alertas sobre os riscos que
ameaçam o futuro da Petrobras.
“A presença dos mais jovens aqui
é muito importante. A camada
da sociedade brasileira que pensa
patrioticamente, brasileiramente,
com independência, precisa se unir.
As empresas nacionais precisam
entrar nessa luta. É preciso
falar com o povo, mobilizar. A
dicotomia enfrentada é soberania
nacional contra dependência
internacional. Os desafios do
Pré-Sal precisam ser colocados
no plano estratégico nacional, de
acordo com a robustez financeira
da Petrobras e, se necessário, o
governo deve aportar dinheiro na
Petrobras. Na crise americana, o
governo americano salvou a GE
e a GM. Todo mundo sabe disso.
Para não deixar suas empresas
estratégicas falirem, o governo
americano colocou 20 trilhões
de dólares. Foi uma escolha do
governo pela soberania nacional.”
Guilherme Estrella, ex-diretor da
Petrobras e conselheiro do Clube de
Engenharia
O presidente Pedro Celestino
lembrou, em sua palestra de
abertura, que a característica de
empresa integrada da Petrobras e
sua capacidade de produzir petróleo
“do poço ao posto”, está em jogo.
“O Pré-Sal, a maior descoberta
dos últimos 30 anos do planeta,
é composto de petróleo leve, que
não precisa ser exportado para
ser refinado. Isso nos garante a
soberania energética por décadas.
É uma descoberta tão grande que
sequer foi delimitada. Há campos
em exploração em que não se sabe
o fundo da camada. Carcará é um
desses campos, um dos melhores
do Pré-sal, e acaba de ser entregue
na bacia das almas sob alegação de
que a Petrobras não tem caixa e está
numa crise financeira terrível. O
que se quer hoje, criminosamente, é
destruir a característica integrada da
Petrobras”, alertou.
“O surgimento da consciência política
de interesse nacional, da importância
dos interesses econômicos do país
para o exercício da soberania se deu
nos anos 40, com a campanha “O
petróleo é nosso”. O marco do início
da dissolução dessa consciência foi
a derrocada da União Soviética e
o domínio do mundo pelo grande
capital. Montou-se um sistema
do comércio mundial liberal, sem
barreiras e defesas de interesses
nacionais, que especializa os países
ricos em serem ricos e os pobres em
serem pobres. Uns como os grandes
produtores de invenções e avanços
tecnológicos, com rendimentos
crescentes, e os outros como os
produtores de matérias primas. (...) O
Brasil, no processo de emancipação,
formou um eixo para
buscar a unificação da América do
Sul e alcançou avanços importantes.
Entre os avanços: Pré-Sal, adesão
aos BRICS, mecanismos de
financiamentos internacionais capazes
de confrontar-se com o Banco
Mundial e o Fundo Monetário. A
ousadia resultou no retrocesso.”
Roberto Saturnino Braga, exSenador da República, Conselheiro
do Clube de Engenharia
O Jornal do Clube de Engenharia
traz alguns dos depoimentos e
conceitos apresentados ao longo do
evento e convida todos a assistirem
as palestras na íntegra no Portal do
Clube de Engenharia, em
https://goo.gl/DB3Mqh
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