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DEZEMBRO DE 2016 indústria
Falta de um projeto nacional atrasa transição do Brasil para a Indústria 4.0
O fim do Ministério da Ciência , Tecnologia e Inovação ( MCTI ) e a reestruturação do novo Ministério da Ciência , Tecnologia , Inovações e Comunicações ( MCTIC ) receberam severas críticas de setores acadêmicos e militares , entre outros . Em nota oficial publicada em 3 de novembro , a Associação Brasileira de Estudos de Defesa ( ABED ) afirmou : “ É com grande preocupação que a ABED recebe o anúncio da reforma do Ministério da Ciência , Tecnologia , Inovações e Comunicações em que se altera o status do CNPq e da Finep junto à pasta , colocando-os sob uma coordenação de pouca prioridade ”. Diz ainda a nota : “ Em um contexto em que proliferam indicativos de cortes significativos nos gastos em educação , ciência e tecnologia , a ABED repudia a reforma nos termos em que foi proposta e se posiciona decidida e contrariamente ao rebaixamento institucional destes que são importantes pilares do Sistema Nacional de Ciência , Tecnologia e Inovação e a quaisquer formas de fragilização do mesmo ”. A entidade também endossa o posicionamento contrário às mudanças feitas em Carta Pública enviada ao ministro do MCTIC , Gilberto Kassab , pelo Fórum de Ciências Humanas , Sociais e Sociais Aplicadas . O professor de Estratégia
Internacional da Escola de Comando e Estado-Maior do Exército , Francisco Teixeira , aponta como “ muito grave ” a extinção do Ministério da Ciência e Tecnologia e o rebaixamento hierárquico de entidades como a Finep e o CNPq , transformadas em coordenadorias subalternas na nova estrutura do Ministério da Ciência , Tecnologia , Inovações e Comunicações . “ Enquanto outros países estão dando um salto à frente , há um desmonte no Brasil na área de C & T ”, diz .
Para o professor de Estratégia Internacional , o “ desmonte ” da estrutura de ciência e tecnologia do país também vai prejudicar a transformação digital no setor privado , que poderia se beneficiar dos avanços feitos em projetos de ponta , por exemplo , na área de defesa , para sua modernização . Entre os segmentos ameaçados pelas novas diretrizes governamentais ele cita a Petrobras , que tem atuado em parceria com a Universidade Federal do Rio de Janeiro ( UFRJ ) e com outros centros avançados de pesquisa no setor . Também aponta a Embraer , a indústria de nanotecnologia e os estudos de genética , que vinham recebendo apoio das fundações estaduais de pesquisa , especialmente na área de commodities agrícolas , e desenvolvidos pela Embrapa .
Alto grau de conectividade em todos os processos e introdução da Internet das Coisas na cadeia de suprimento , produção e distribuição
“ Os países estão investindo fortemente em educação e pesquisa de qualidade , ciência , tecnologia e inovação . Aqueles que não fizerem isso estarão condenados a comprar tecnologia dos outros , a um desemprego crônico e ao lixo fordista .”
Desemprego tecnológico
No artigo “ A nova revolução industrial ”, publicado no jornal Valor Econômico ( 1 / 11 ), os economistas Luiz G . Belluzzo e Gabriel Galípolo escrevem que “ em uma das mãos ela oferece as promessas da abundância e do tempo livre ; na outra , ameaça com a precarização , a queda dos rendimentos dos trabalhadores menos qualificados , o aumento da desigualdade ”. Como saída para enfrentar o “ deslocamento tectônico das relações sociais , das condições de vida de homens e mulheres e a questão do desemprego tecnológico estrutural ”, afirmam que cresce o debate acerca da renda mínima . Mas criticam o fato de que , no Brasil , ainda não se vislumbre uma política industrial para o país : “ Na Tropicália , a indústria e as políticas industriais estão fora de moda ”, afirmam .
Ex-presidente do BNDES , o economista Luciano Coutinho também tem advertido , em diferentes fóruns , os impactos da Indústria 4.0 . “ Parece-me urgente formular um projeto brasileiro de ‘ indústria do futuro ’, que dê suporte à desafiadora metamorfose do
Foto : Arquivo - Comunicação Volkswagen do Brasil
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