Jornal 18 JORNAL 18 (1) | Page 2

APRENDENDO COM ESSE CAPELLI
Goiânia, Março / Abril de 2018
A ANENCEFALIA, A LIBERDADE E O ABORTO
Diante da polêmica discussão abordando a liberdade plena do indivíduo como valor primacial da existência capaz de propiciar-lhe o direito de escolher entre a vida e a morte para si e para os outros, somos nós, os espíritas, levados a uma reflexão sobre o tema. Presenciamos, agora, a chegada do debate aos átrios da Justiça, onde a morte e o direito à oportunidade da vida física são colocados sob apreciação de juízes, fazendo eclodir opiniões conflitantes. Existem os que defendem a liberdade plena da escolha como apanágio ao Estado de Direito e, de parelha, os que condenam e reprovam por convicções religiosas. Ao lado, a ciência fria, pondera que a decisão deve ser adstrita à mais valia. O libertário deseja um estado onde impere a liberdade plena, podendo o homem decidir por si, aquilo que lhe convém. O cientista, que caminha ao seu lado, luta para que a decisão se prenda ao ganho para o homem, a sociedade e o conhecimento. De seu lado, o religioso, algumas vezes intolerante, condena a tudo que não se afine com seus princípios doutrinários.
Sob o enfoque espírita, lembramos que Kardec, em“ A Gênese”, advertiu que, se algum ponto da Doutrina Espírita viesse a ser contrariado pela Verdade Científica comprovada, ela deveria ser reformulada nesse ponto. Também ensinou o Codificador que todo conceito deva ser submetido ao crivo da razão, assim, não se pode permitir que o anseio de liberdade do indivíduo se sobreponha à ordem coletiva, do contrário poderia ele, o libertário, tripudiar sobre a lei e sobre toda a sedimentação cultural ou religiosa que não fosse do seu agrado. Ao religioso intolerante, preconceituoso e dogmático, deveria ser mostrado que tudo evolui. O mundo marcha e que, o que satisfazia ao homem da caverna, não se ajusta hoje ao terceiro milenista de olhos no computador. Ao cientista, apegado às respostas das lâminas e aos microscópios, deveria ser dito que a Verdade, como tudo ao alcance do manejo humano, é relativa, pois não é raro encontrarmos a Verdade Científica de ontem, desmentida pela Verdade do hoje.
O espírita é, primacialmente, o homem da razão, que a nada condena ou aceita sem encontrar o ponto de equilíbrio que está na Verdade Absoluta que é DEUS, a unidade básica, origem de todas as coisas. O espírita somente repugna aquilo que afronta aos princípios de DEUS que são a sabedoria, a bondade, o poder e a justiça em gradação infinita. DEUS, que não é um ser limitado e finito, não pode ser definido e alcançado pela métrica científica, doutrinária ou filosófica dos homens que manejam métrica finita de acordo com o seu conhecimento. A vida e as razões da existência adstritas às Leis Primárias são ancoradas nos desígnios de DEUS, e não podem ser definidas pelo homem que tem o seu alcance no campo das Leis Secundárias, onde pode exercitar o seu livre-arbítrio que se prende ao COMO FAZER( Leis Secundárias) mas sujeito às consequências de suas decisões que se atrelam ao PORQUE FAZER( Leis Primárias) que se prende à sabedoria, poder e justiça divinos.
O homem que labora no campo das Leis Secundárias, não pode arrogar-se ao poder de decidir sobre o direito à vida que emana do campo das Leis Primárias, adstritas aos desígnios de DEUS. Assim, não pode ele matar o criminoso para extirpar o crime, não pode eliminar o carente para extinguir a fome, não tem o direito de eliminar o herético para exterminar a heresia e, também, não tem o direito de obstacular a oportunidade da vida no afã lícito ou não de minimizar sofrimentos.
O ser anencefálico e o princípio inteligente que o anima tem direito à vida, mesmo que seja intra-uterina, por átimo de tempo, pois a ninguém, doutrinador, cientista ou político social é dado saber quais seriam suas necessidades existenciais no processo evolutivo. Sob outro enfoque, não é segredo para ninguém que, o corpo humano é um universo, onde bilhões de microsseres agem, reagem e interagem no processo incessante e eterno da evolução, o que nos deixa a certeza de utilidade da existência e do nascimento dos seres, mesmo defeituosos e até mesmo os anencefálicos.
FALANDO COM O LEITOR
Desde o primeiro contato com um exemplar desse jornal, que passo na LIVRAL para ver se tem edição nova. Confesso que apesar de gostar de tudo que vocês publicam, sempre leio, primeiro, essa coluna, que acho fantástica, a melhor do jornal. Por isso me encorajei a fazer uma pergunta. As pessoas dizem que eu sou pessimista. Um amigo, espírita, certa feita me disse que eu atraio coisas ruins porque sempre estou me lamentando. Isso tem algum fundamento?
Me chamo Lourival.
Caro Lourival, estamos muito felizes em saber que aprecia a leitura de nosso jornal, e fazemos votos que continue nos acompanhando e contribuindo com nosso trabalho, como na mensagem enviada à redação. A doutrina espírita nos ensina que uma das leis naturais do universo é a Lei da Atração, isto porque nós e tudo o que nos circunda é energia, em diferentes padrões vibratórios, razão pela qual nos sintonizamos e atraímos às pessoas, atitudes, ações e energias que se encontram em padrão vibratório similar ao nosso. O próprio Cristo disse:“ Orai e vigiai”. Orar para nos religar a Deus e a espiritualidade superior, nos fortalecendo para as provas diárias do caminho; Vigiar a qualidade e padrão de nossos pensamentos e atitudes, para que estejam sempre banhados em boas vibrações, de amor, respeito, caridade e otimismo, pois tudo a nossa volta se encontra sob a direção de Deus! Não à toa se diz que somos a média do que pensamos e sentimos. Assim, é de fundamental importância que procuremos cultivar bons pensamentos e sentimentos, para evitar atrair energias que prejudiquem nossa caminhada e daqueles que nos cercam.
A REDAÇÃO