Joias Hotel Joias Hotel | Page 27

Joias Hotel sucedido empresário no ramo de folheados e hoje só anda com carrões do ano. Vai ficar saudoso, ou vai ficar furioso por ver aqui, a sua brasília ressuscitada, que ele já enterrou a tanto tempo... ——:—— O cara abandonou o emprego no setor joalheiro, deu tchau pra mamãe e foi se aventurar por outras paragens. Foi parar na região metropolitana de São Paulo, na casa do pai. Bateu num recrutamento e seleção de um hotel e ganhou uma oportunidade de mensageiro. Ficava plantado, quase que imóvel, uniformizado, na porta, feito um guarda do Palácio de Buckingham. Somente se movia quando era solicitado por algo. O tempo passava; anos. E ele jamais teve curiosidade em saber como funcionavam as coisas por trás do balcão bem ao seu lado. Reclamava de dores nas pernas e na coluna de tanto ficar de pé, horas a fio. Até que levou a primeira tijolada: caiu de cama. Preocupado com a saúde do filho, o pai, que era amigo de alguém que conhecia fulano que conhecia um cara que conhecia um deputado, conseguiu uma vaga numa repartição para o filho, num daqueles manjados concursos públicos arranjados. O tempo passava; anos. E o rapaz só carimbando papéis, sentadinho, no bem-bom, sem nunca se importar com o que estava escrito naquele carimbo, que era sempre o mesmo. Não tinha como errar. Mas ele errou. Carimbou um papel errado. A cidadã, dona do papel, foi pra justiça pra não perder o seu 27