Joias Hotel
sucedido empresário no ramo de folheados e hoje só anda com
carrões do ano. Vai ficar saudoso, ou vai ficar furioso por ver
aqui, a sua brasília ressuscitada, que ele já enterrou a tanto
tempo...
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O cara abandonou o emprego no setor joalheiro, deu
tchau pra mamãe e foi se aventurar por outras paragens. Foi
parar na região metropolitana de São Paulo, na casa do pai.
Bateu num recrutamento e seleção de um hotel e ganhou uma
oportunidade de mensageiro. Ficava plantado, quase que imóvel,
uniformizado, na porta, feito um guarda do Palácio de
Buckingham. Somente se movia quando era solicitado por algo.
O tempo passava; anos. E ele jamais teve curiosidade em saber
como funcionavam as coisas por trás do balcão bem ao seu lado.
Reclamava de dores nas pernas e na coluna de tanto ficar de pé,
horas a fio. Até que levou a primeira tijolada: caiu de cama.
Preocupado com a saúde do filho, o pai, que era amigo de
alguém que conhecia fulano que conhecia um cara que conhecia
um deputado, conseguiu uma vaga numa repartição para o filho,
num daqueles manjados concursos públicos arranjados.
O tempo passava; anos. E o rapaz só carimbando papéis,
sentadinho, no bem-bom, sem nunca se importar com o que
estava escrito naquele carimbo, que era sempre o mesmo. Não
tinha como errar. Mas ele errou. Carimbou um papel errado. A
cidadã, dona do papel, foi pra justiça pra não perder o seu
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