Gilberto Candido
EMERGENTES
Catarolando ao som da Blitz, o grupo musical do
momento, uma galera fominha cruzava a cidade, a pé, pra perder
mais uma partida de futsal para os pernetas da Teixeira
Marques. Aquela insistência — ou prazer por perder —
acontecia todas as manhãs de domingo.
Este tipo de lazer terminou quando arrumaram emprego e
foram trabalhar. Suas manhãs de domingo foram trocadas pelas
missas matutinas na igreja-barracão do Jardim Caieiras, pelas
reuniões na comunidade de jovens e pelo vício do bilhar no bar
do Divino. Até que uma mãe ou outra aparecia pra os convocar
para o almoço. Assim eram aquelas manhãs domingueiras.
Depois se separaram e cada um pegou o seu rumo.
Somente dois deles é que nunca se desgrudaram — até nos dias
de hoje. Alguns diziam que eles iam se casar. E não é que
casaram mesmo? Um deles com a Márcia e o outro com a Marli.
E viverão felizes para sempre...
Antes do casamento o menos feio comprou uma brasília.
Era uma empurração do poisé, pra baixo e pra cima, capaz de
causar banhos de suor e dores nas costas de quem se aventurava.
Entre os tantos, um optou pela hotelaria, outro pela
metalurgia e os demais pela anarquia, enquanto o dono da
brasília botava na cabeça que iria parar de ser empregado pra
que lhe sobrasse tempo pra ganhar dinheiro. Sujeito esperto e de
muita sorte! Sua ascensão foi meteórica. Passou a ser um bem-
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