Jandira através da lentes de um fot[ografo 1 | Page 7
O cheiro dos produtos
expostos, o som do trem
passando na passagem de
nível a conversa dos fregueses
discutindo as notícias do dia é
possível ainda olhar as mãos
calejadas dos que ao sair do
trabalho no Frigorífico Jandira
passavam por ali e ouvir
atentamente as suas lidas
diárias e sonhos.
A estação e seu entorno foram
fotografadas ao longe para
dar uma dimensão dos seus
arredores e revelar às gerações
futuras obras e instalações
que já não mais existem
como o saudoso Tablado nas
margens da Área de Lazer do
Trabalhador e o riacho em
frente à estação. A velha praça
central, o campo de futebol,
local de saudosas disputas
Porta de entrada e saída entre os hábeis jogadores
de Jandira a velha estação locais. Nos arredores da praça
também foi objeto de captura era também local de eventos
do nosso poeta fotógrafo. Sua de lazer e cultura como os
arte foi capaz de parar um trem, circos que periodicamente
aliás, uma composição inteira se instalavam bem como os
com seus vagões chegando saudosos parques de diversão.
à estação com destino à
capital paulista e mantê-la ali A principal via de acesso da
perpetuamente. Passageiros cidade também está lá entre
estão a espera, bem vestidos, as belas imagens registradas.
alguns parecem dispersos A igreja matriz, a imponente
sob a placa da estação, figueira
carinhosamente
outros parecem ansiosos pela conhecida como “Figueirão”.
sua chegada. Dormentes As casas antigas nos remetem
empilhados ao lado da via ao passado e é claro a seus
registram a manutenção saudosos ocupantes e os
feita nos trilhos e nos permite eventos festivos que ali
relembrar outros detalhes ocorreram.
como a bilheteria, a placa
com os horários de partida, Como no vôo do biguá somos
os funcionários, os sons dos transportados
à
tempos
trens chegando, partindo e memoráveis, capturados com
passando a grande velocidade o olhar e sobretudo com o
como os trens expressos e os coração de um homem com
que passavam vagarosamente alma de poeta, com seu amor
como os cargueiros com pela arte de fotografar e que
variedade de vagões e sua nos conduz à reflexão da vida
potentes locomotivas.
e sua transitoriedade. Tudo
passa tudo muda... Felizes os
que podem com os sentidos
avaliar o que se construiu e o
que se viveu, o que se ouviu e
se perdeu.
Quando
abrimos
um
velho álbum de fotografias
previamente sabemos o que
iremos encontrar em seu
interior. Muitas vezes, somos
surpreendidos com imagens
que julgávamos perdidas.
Imagens
que
havíamos
esquecido ou que não demos
o devido valor. Mas basta olhar
com saudade e cada detalhe
se revela e a mente se abre
e podemos como no longo
mergulho do Biguá retornar
à realidade e com alegria
retomar a vida e seu cotidiano
de lutas, vitórias e o desejo de
fazer algo melhor.
Obrigado Senhor Anthero!
Obrigado querido Biguá por
sua obra, seus sobrevoos que
perpetua o passado de Jandira,
dos habitantes que ajudaram
a construí-la e suas memórias
tão ricamente registradas e
que lança o desafio às novas
gerações de continuar seu
trabalho de registrar com arte
e poesia o cotidiano de um
povo que vive, luta e edifica
uma cidade para se viver com
dignidade.
Professor José Maria Pereira de Araujo.
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