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Em 26 de abril de 1986, o reator
4 da usina Vladimir Ilyich
Lenin, conhecida como a Usina
de Chernobyl, explodiu durante
um teste à 1 hora e 23 minutos
da madrugada, liberando na
atmosfera e nos arredores cerca
de 440 vezes mais radiação que
a bomba atômica lançada na
cidade japonesa de Hiroshima,
em agosto de 1945. Segundo
estimativas de 1995, cerca de
2,3 milhões de pessoas sofreram
com
as
sequelas
da
contaminação radioativa, sendo
500
mil
delas
crianças.
Ocorreram alterações genéticas
de animais e plantas, sendo que
as
consequências
dos
lançamentos de substâncias
radioativas na atmosfera e no
solo causaram também uma
considerável perda econômica.
Atualmente, 20 anos depois dos
estudos supracitados, os tantos
números sobre a tragédia
continuam
a
impressionar
embora não sejam mais tão
precisos. As muitas obras feitas
com relatos de sobreviventes e
descendentes junto com as
muitas campanhas existentes a
fim de apaziguar a situação são
responsáveis, mais que os
Cmus: saiba mais
números, por explicitar o que de
fato significa fazer parte dessa
história. Mas é preciso que a
dimensão do desastre seja
entendida antes de partir ao
contexto
psicológico
das
vítimas.
Embora a imprecisão das
consequências dê margem ao
ceticismo sobre a capacidade
que a radicação certamente tem
em ser fatal, é importante
ressaltar no que implica ser
exposto à radiação gerada pela
fissão nuclear.
A radiação pode provocar
basicamente dois tipos de danos
ao corpo: a destruição das
células com o calor, e a
ionização
e
fragmentação
(divisão) das células. Isto é: ou
o corpo padece de queimaduras
graves por exposição às
radiações alfa, deixando a parte
externa do indivíduo totalmente
danificada, ou sofre alterações
celulares
como
mutações
genéticas que podem causar
doenças como câncer, no caso
de contato com raios beta e
gama.
Para que fique mais claro em
nível quantitativo, os números
se valem mais uma vez: uma
dose de 1250 millirem (unidade
em
que
é
medida
a
radioatividade), em um curto
período de tempo, aumenta em
0,1% as chances de alguém
desenvolver um câncer. Uma
dose de 500.000 millirem em
um espaço igual ou inferior a 5
horas, é fatal.
No momento do acidente,
Chernobyl
liberou
5600
millirem por segundo, ou seja,
aqueles que estavam próximos
só precisaram de 90 segundos
para serem bombardeados com
uma dose fatal de radiação.
E as medidas práticas de
evacuação só iniciaram no dia
seguinte.
E cerca de 30 pessoas foram
mortas por conta da radiação
aguda.
Os níveis da radiação no local
diminuíram 90% ainda no
primeiro ano. Hoje, os locais
com maiores níveis, alguns
pontos da Floresta Vermelha,
por exemplo, emitem cerca de
1000 millirem/hora. Não mais
que uma ressonância magnética.
Por conta disso, há quem pense
em deixar o passado no passado
e que daqui para a frente o
futuro só tem de melhorar a
situação do local. Infelizmente,
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Parte da Usina de Chernobyl. Fotógrafo: Tim Suess