INTERPRESS (Maio, 2015) | Page 29

Interpress “ Foi quando eu tava no oitavo ano e tinha uns meninos da minha sala que fumavam. Eu tinha um amigo que andava um pouco com esses garotos e daí um dia ele acabou me chamando pra ir junto. Achei que ia ficar doidão, tá ligada? Nem pegou nada.” Victor, ex aluno da escola pública Antônio Augusto. Respondendo ao questionamento de como é consumir derivados da Cannabis agora que ele estuda na UFMG, Victor completou: “Ah! „Cê não tem noção do quanto é mais fácil conseguir as parada! – risos”. Talvez os resultados de outro estudo sobre o mesmo tema possam fornecer esta noção: “A probabilidade do estudante da escola pública central fazer uso pesado de drogas foi 4,0 vezes maior que aquela da escola periférica; do que trabalhava 2,5 vezes maior que daquele que não trabalhava; do período noturno 2,2 vezes maior que daquele do período matutino; dos níveis socioeconômicos A e B 2,0 vezes maior que daqueles dos níveis D e E; que teve educação pouco religiosa na infância 1,7 vezes maior que a daquele que teve educação muito religiosa; que se sentia pouco apoiado e compreendido pela família Cdhm: saiba mais 1,2 vezes maior que a daquele qu e se sentia muito apoiado e compreendido pela família.” (Meire Soldeira para a Revista da Saúde Pública) Poder alcançar narcóticos com 4 vezes mais facilidade é um dado a ser guardado com devido assombro. Mas o que acontece nas instituições federais, afinal? Enunciações do campo da Psicologia alertam para o fato dos adolescentes voltarem-se intensamente sobre seus grupos e passarem a reproduzir determinados comportamentos. Esses discursos acabam por influenciar a forma como esses adolescentes pensam a respeito de si mesmo e do outro, marcando seus corpos e modos de vida. O OBID (Observatório Brasileiro de Informações Sobre Drogas) constantemente divulga artigos e notícias para conscientização do jovem sobre a auto imagem, justamente pela constatação de que a falta da imposição de uma personalidade própria geralmente torna o adolescente suscetível ao consumo. No caso de um ambiente onde os jovens possuem liberdade para agir, são mais politizados, com díspares condições econômicas, maior tempo de interação e cotidianamente mais influenciados entre si, > 29