INTERPRESS (Maio, 2015) | Page 21

o conflito étnico e a cultura Por Mariana Abreu Mais que um território conflituoso, o Chipre tem riquezas culturais muito particulares, que somam a cultura local às influências gregas e turcas, provenientes dos anos de convivência proporcionados pelos conflitos e ocupações que o país viveu. Identidade Até aproximadamente os séculos XIX e XX, a cultura da região do Chipre era marcada pelo sincretismo; islâmicos podiam entrar em igrejas cristãs para rezar e e fazer oferendas a santos do cristianismo, pessoas conhecidas como Cotton- Linens eram praticantes do islã e do cristianismo simultaneamente e era costumeiro que a população buscasse o auxílio de curandeiros e líderes espirituais em questões de seus cotidianos. Esse cenário começou a mudar, entretanto, quando os poderes do Cristianismo Ortodoxo e do Sunni Islã entraram em confronto. Em 1960 o Chipre era composto por mais pessoas que se consideravam gregas ou turcas do que pessoas que se autodeterminavam cipriotas e isso levou a uma divisão cultural que ia desde o idioma falado pelas comunidades até os modelos educacionais adotados. No contexto atual, em que a população se identifica como cipriota em maior número, os dois lados tendem a permanecer seculares ainda que a influência helênico- cristã seja muito presente nas manifestações culturais do país. >>>