Dessa forma, foi necessário que o mun-
do jornalístico compreendesse as mudanças do
seu público em relação à recepção de informa-
ção ou estaria fadado a morrer, pois “ninguém
mais lê notícias”. O universo digital abriu espaço
para subversão da linguagem puramente verbal
e valorização da linguagem visual. Compreen-
der a semiótica, “a ciência que tem por objeto
de investigação todas as linguagens possíveis,
ou seja, que tem por objetivo o exame dos mo-
dos de constituição de todo e qualquer fenô-
meno como fenômeno de produção de signifi-
cação e de sentido”(SANTAELLA,2017,p.11)
tornou-se essencial, visto que a Linguística,
que estuda apenas a linguagem verbal, mos-
trou-se insuficiente para o novo público.
Ainda que as redes sociais não tenham
propiciado apenas o crescimento do jornalismo
de dados, afinal foi por meio delas que a infor-
mação sofreu um novo processo de democra-
tização, esse método de produção de notícias
recebeu um grande incentivo para o seu desenvol-
vimento. Como destaca Wagner Souza e Silva:
“Com a crescente popularização de redes so-
ciais específicas para a circulação de imagens
fotográficas (não só mais estáticas mas também
em movimento), tal como o Instagram, o Fli-
ckr e, mais recentemente, o Snapchat, a produ-
ção dessas imagens está quase sempre mediada
por gadgets conectados, dispositivos que têm a
tela como componente fundamental, que inclu-
sive suprime a ideia de câmera entendida como
uma “caixa” (com raízes etimológicas na câma-
ra obscura renascentista)” (Silva, 2014, p. 69).
Nota-se, portanto, que a base da comunica-
ção nas redes sociais é visual e adaptada ao
seu público, composto por pessoas que de-
cidem o que querem ou não querem ver.
Ou seja, o jornalismo de dados nas redes
compreendeu que os tópicos abordados são,
muitas vezes, densos e complicados demais
para o público amplo e leigo interpretar com
facilidade. Assim, para comprir sua função
de informar, evoluiu para um formato que
prioriza a comunicação visual e a praticida-
de de manejo das informações. Por exemplo,
o Guia Interativo Sobre Serviços para Ido-
sos (Figura 3), montado pelo The Guardian,
reflete a preocupação do jornalista em dis-
por as informações de modo que sejam fa-
cilmente entendidas por um leitor qualquer.
Embora os grandes gráficos de dados
não sejam muito presentes nas redes sociais,
pois não conseguem ser condensados sufi-
cientemente ao ponto de tornarem-se leitu-
ras rápidas, o jornalismo de dados está se
consolidando nelas rapidamente. Há poucos
exemplos de páginas que produzem con-
teúdo exclusivamente a partir desse méto-
do, mas há muitas que o utilizam para uma
quantidade considerável de suas postagens.
O perfil @aosfatos, no Instagram, é um bom
ilustrador. Várias de suas postagens apresen-
tam dados importantes sobre a comunidade
LGBTQ+, a situação carcerária no Brasil,
a legislação sobre armas e vários outros
temas polêmicos e densos, sempre usando
muitos elementos visuais para facilitar o
entendimento e recepção das informações.
Em suma, o jornalismo de dados deve
crescer e se fortalecer cada vez mais dentro
das redes sociais, pois o público consumidor
de informações busca praticidade, rapidez e
facilidade. A partir dessa transformação di-
gital e da percepção que o jornalismo está
acompanhando a mudança de realidade, é
possível afirmar que, ao menos essa modali-
dade não está perto de acabar. O jornalismo
não morrerá, afinal, o futuro está nos dados.
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