INTERPRESS (Junho, 2019) | Page 36

saiba mais: MUNDI PRESS Jornalismo de dados: do princípio ao futuro Como o ato de contar histórias usando dados está tomando seu lugar na indústria jornalística Por Ana Clara Silva Britto e Gustavo da Silva Fernandes O esforço jornalístico andou, em toda a história, aliado ao progresso científico. Desde sua origem, quatro grandes revoluções tecno- lógicas mudaram a forma como se fazia jorna- lismo: a invenção da fotografia, do rádio, da televisão e da internet. Aqui será trabalhado a última, em um de seus esforços mais complexos. Para trabalhar o tópico de jornalis- mo de dados é preciso entender o que é a transdisciplinariedade, a psicologia e, pro- priamente, o jornalismo de dados e sua influ- ência pelas redes sociais. Assim entenden- Transdisciplinaridade A transdisciplinaridade é definida como o reconhecimento da relevância de um esforço que utilize os conhecimentos das partes para com- preender o todo (PETRIE, 1992). Esse conceito foi originalmente feito para entender o processo educativo, no entanto seus esforços transcendem, para fins de análise, até o jornalismo de dados. Inter-relacionados, esses dois domínios cola- boram com o esforço jornalístico de divulgar informações. Nesse modelo jornalístico o co- nhecimento de áreas diversas é essencial, pro- gramação, design, jornalismo investigativo e estatística são alguns deles. Edgar Morin, gran- de teórico da transdisciplinaridade, defendia esse modelo disciplinar como uma forma supe- rior a interdisciplinaridade, pois, para o autor, 36 somente a primeira poderia criar uma co- operação que transformaria os conheci- mentos em um todo contextualizado. Para Morin, como para muitos jornalistas de da- dos da contemporaneidade, o esforço de juntar diferentes disciplinas é realocar es- sas disciplinas em um contexto, é perce- ber que não existe conhecimento isolado. Para Morin e Petrie essas categorias que distanciam e idealizam as situações do conhecimento destroem o potencial real da- quilo. Para eles a disciplinaridade é um po- tencial sem valor real, isolado de uma razão epistemológica válida.A investigação psico- lógica será feita sob dois pontos distintos. O primeiro, relacionado com a filosofia, so- bre a sensação de verdade nos números. E o segundo sobre as visualizações de dados. Epistemologia dos Dados De forma geral para a Epistemolo- gia, campo de estudo responsável pelo es- tudo do conhecimento, ou da verdade, os objetos de estudo não possuem uma ordem própria, ou natural. Para esse ramo da filo- sofia o conhecimento é antropomorfizado, ou seja, influenciado pela parcialidade do indivíduo que a analisa e o contexto de suas medições, publicações e análises. Seguindo a ideia da transdisciplinaridade de Morin, esses objetos hão de ser contextualizados.