INTERPRESS (Junho, 2019) | Page 25

saiba mais: MUNDI PRESS A imprensa como arma durante guerras A imprensa e sua responsabilidade decisiva para o sucesso das nações em períodos de guerra Por Philippos Leonidas e Laura Nascimento Não é de hoje que diversos autores proble- matizam os valores do jornalismo. Falam sobre manter-se isento e neutro como pré-condição para cumprir a função social que ele se propõe: difundir informações. No entanto, em momen- tos de conflitos armados, tal neutralidade se tor- na praticamente impossível, ao passo que uma parte da imprensa se junta com Estado para se tornar uma aliada forte para mobilizar a popula- ção, outra parte é responsável por conscientizar a todos sobre os problemas gerados pela guerra. Um exemplo disso é a Primeira Guer- ra Mundial, onde os jornais também se torna- ram uma plataforma para o conflito de interes- ses, visto que com base no que era publicado era possível modelar a opinião pública. Se, por um lado, existiam jornais alinhados com o governo e com o exército assegurando que sua perspectiva política em relação à guer- ra chegasse ao público, também havia jornais dirigidos por cidadãos corajosos que procu- ravam divulgar os males e dores da guerra. Durante tal período, foi comum tam- bém o uso dos jornais para a difamação dos inimigos, principalmente através do uso de imagens de campos de guerra seja ele em re- vistas, livros de fotografias ou cartões-postais. Como consequência disso, as autoridades mi- litares aumentaram o controle sobre o fluxo de informações com o intuito de manter o apoio público. Durante a Primeira Guerra Mun- dial, isso se mostraria na forma da censura. Os jornais, nesse contexto, foram fundamentais para a mobilização e para manter a moral da população. Isso ocorria devido a sua disseminação rápida, alcan- çando uma larga audiência em pouco tem- po, somado ao fato de serem estruturados de forma que a perspectiva política fosse clara o suficiente para que os leitores esti- vessem predispostos a concordar com ela. Existia uma preocupação do governo em encorajar as pessoas a mudar seus hábitos e contribuir para o esforço da guerra, por exemplo, a produção de determinados ti- pos de alimentos ou o trabalho em indús- trias. A propaganda foi, dessa forma, essen- cial para moldar o comportamento social e Jornal americano anunciando a entrada dos EUA na guerra com a apreensão de 91 navios alemães Fonte: Riverside Enterprise. 25