“Todo design não é de informação?”
Esta pergunta, que me foi feita pela editora de uma revista
especializada, quando sugeri esse tema para um artigo, me fez
pensar: É. Todo Design é de Informação. Mas uns são mais,
outros menos. E é essa diferença que me interessa.
Um exemplo: capas de discos. Um mesmo objeto mostra
a diferença entre oDesign Gráfico (na capa) e o Design de
Informação (na contracapa). Na frente, pode-se passar qualquer
mensagem, pode-se até contrariar a imagem do artista, se ele,
e/ou seu produtor, assim o quiser, ou concordar, naquele
momento, naquele lançamento. Às vezes não é necessário nem
escrever o nome do artista, na frente. Mas, do outro lado, eu,
como usuário, quero saber rapidamente, sem esforço
(se possível lendo em pé, na loja, antes de comprar), além do
nome do artista, quais são as músicas, os autores, os músicos e,
se possível, quando e em que contexto cada uma foi composta
(para não falar das letras das canções, para ler depois, em casa).
Tudo em tipo de letra não menor que Corpo 8, não muito fina
nem muito grossa (nem light nem bold), sem linhas de contorno
(outline) e com bom contraste cromático (letra bem escura
sobre fundo bem claro ou vice versa). E ainda, com a numeração
grande. A redução de espaço gráfico trazida pela passagem
do LP ao CD veio aguçar os problemas de Comunicação
Visual das capas de discos, acentuando o papel dodesigner de
informação, nessa área rica e produtiva do Design Gráfico - tanto
internacionalmente quanto nacionalmente, dada a riqueza e
variedade de nossa produção musical.
Dois instrumentos, um mesmo fim: funcionalidade
Sempre tive duas paixões profissionais,
o Design Industrial e o Design de
Informação, e sempre estranhei o
fato de duas disciplinas ou atividades
aparentemente tão díspares (uma
com ênfase tecnológica, a outra
cognitiva) me atraírem da mesma
maneira. Daí fiquei contente quando
ouvi mestre Gui Bonsiepe - hoje em
dia provavelmente o maior teórico
do Design no mundo - dizer numa
palestra que o designer industrial teria
facilidade em trabalhar com o Design
de Informação por estar habituado
a resolver problemas complexos de
funcionalidade. No próprio congresso
inaugural da Sbdi em Recife (2004),
o depoimento de um dos mais importantes pesquisadores em Design de
Informação, Jorge Frascara, argentino
radicado no Canadá, veio reiterar essa
conexão (Design Industrial e Design
de Informação), ao citar o exemplo de
um designer que, convocado por um
fabricante de aviões para melhorar
as instruções visuais de operação da
saída de emergência da aeronave, após
estudar o problema recomendou à
empresa redesenhar primeiro o mecanismo de operação da saída, que não se
mostrava funcional, antes de redesenhar
as respectivas instruções de uso.
Isso me lembra um terrível acidente
ocorrido há alguns anos no Rio de
Janeiro, quando um ônibus urbano se
incendiou e cerca de 10 pessoas morreram, sem conseguir sair do veículo a
tempo. E por que não conseguiram, se
o ônibus tinha saídas de emergência?
Ou porque não conseguiram entender
as instruções de funcionamento das
saídas (um problema de Design de Informação), ou porque não conseguiram
operá-las, por serem mal desenhadas
(um problema deDesign Industrial), ou
porque eram subdimensionadas (outro
problema deDesign Industrial), ou
então o mecanismo de abertura estava
emperrado - único caso em que não
se trataria de um problema de Design,
mas do serviço de manutenção.
design de informação? aqui 9