inLocus inLocus Jun. 2013 | Page 9

“Todo design não é de informação?” Esta pergunta, que me foi feita pela editora de uma revista especializada, quando sugeri esse tema para um artigo, me fez pensar: É. Todo Design é de Informação. Mas uns são mais, outros menos. E é essa diferença que me interessa. Um exemplo: capas de discos. Um mesmo objeto mostra a diferença entre oDesign Gráfico (na capa) e o Design de Informação (na contracapa). Na frente, pode-se passar qualquer mensagem, pode-se até contrariar a imagem do artista, se ele, e/ou seu produtor, assim o quiser, ou concordar, naquele momento, naquele lançamento. Às vezes não é necessário nem escrever o nome do artista, na frente. Mas, do outro lado, eu, como usuário, quero saber rapidamente, sem esforço (se possível lendo em pé, na loja, antes de comprar), além do nome do artista, quais são as músicas, os autores, os músicos e, se possível, quando e em que contexto cada uma foi composta (para não falar das letras das canções, para ler depois, em casa). Tudo em tipo de letra não menor que Corpo 8, não muito fina nem muito grossa (nem light nem bold), sem linhas de contorno (outline) e com bom contraste cromático (letra bem escura sobre fundo bem claro ou vice versa). E ainda, com a numeração grande. A redução de espaço gráfico trazida pela passagem do LP ao CD veio aguçar os problemas de Comunicação Visual das capas de discos, acentuando o papel dodesigner de informação, nessa área rica e produtiva do Design Gráfico - tanto internacionalmente quanto nacionalmente, dada a riqueza e variedade de nossa produção musical. Dois instrumentos, um mesmo fim: funcionalidade Sempre tive duas paixões profissionais, o Design Industrial e o Design de Informação, e sempre estranhei o fato de duas disciplinas ou atividades aparentemente tão díspares (uma com ênfase tecnológica, a outra cognitiva) me atraírem da mesma maneira. Daí fiquei contente quando ouvi mestre Gui Bonsiepe - hoje em dia provavelmente o maior teórico do Design no mundo - dizer numa palestra que o designer industrial teria facilidade em trabalhar com o Design de Informação por estar habituado a resolver problemas complexos de funcionalidade. No próprio congresso inaugural da Sbdi em Recife (2004), o depoimento de um dos mais importantes pesquisadores em Design de Informação, Jorge Frascara, argentino radicado no Canadá, veio reiterar essa conexão (Design Industrial e Design de Informação), ao citar o exemplo de um designer que, convocado por um fabricante de aviões para melhorar as instruções visuais de operação da saída de emergência da aeronave, após estudar o problema recomendou à empresa redesenhar primeiro o mecanismo de operação da saída, que não se mostrava funcional, antes de redesenhar as respectivas instruções de uso. Isso me lembra um terrível acidente ocorrido há alguns anos no Rio de Janeiro, quando um ônibus urbano se incendiou e cerca de 10 pessoas morreram, sem conseguir sair do veículo a tempo. E por que não conseguiram, se o ônibus tinha saídas de emergência? Ou porque não conseguiram entender as instruções de funcionamento das saídas (um problema de Design de Informação), ou porque não conseguiram operá-las, por serem mal desenhadas (um problema deDesign Industrial), ou porque eram subdimensionadas (outro problema deDesign Industrial), ou então o mecanismo de abertura estava emperrado - único caso em que não se trataria de um problema de Design, mas do serviço de manutenção. design de informação? aqui 9