inLocus inLocus Jun. 2013 | Page 38

Cenários Futuros, Éticas e Valores Sociedades não se desenvolvem em trajetórias lineares. Atividade intensa em um ou outro campo como ciência, tecnologia, guerra ou arte pode produzir mares de mudança que resultam em situações radicalmente diferentes que são difíceis de antecipar. O mundo está agora no intermédio de um destes mares de mudança, e nós precisamos aprender a pensar no futuro de uma nova maneira. O Professor de direito Jeffrey Rosen, Americano, fez este argumento alguns meses atrás enquanto refletia sobre os julgamentos da Suprema Corte dos Estados Unidos. Partindo do pressuposto que os questionamentos em qualquer audiência de justiça focaria nos registros anteriores de justiça e opiniões sobre assuntos controversos atuais como aborto, Rosen defendeu a importância de tornar o processo tão focado no futuro quanto é com relação ao passado e presente. Rosen indica que na próxima década, “a Suprema Corte vai, com toda certeza, ser questionada a decidir sobre uma fascinante gama de questões divisivas que hoje estão em um horizonte longínguo.” Como exemplos, ele cita tópicos controversos como monitoração eletrônica, impressões digitais cerebrais, sondagem genética, clonagem reprodutiva, mineiração de dados, e direitos sobre propriedades digitais. Seu argumento era o de que seria tão importante saber como os candidatos poderiam votar nestes temas quanto examinar como eles teriam votado em casos passados. “Historicamente, a tarefa do designer era mais simples do que é hoje (...)” Como os julgamentos da Suprema Corte referenciados por Rosen, designers também encontrarão situações que levantarão questão questões sem precedentes sobre valores e ética. Novas tecnologias estão transformando nossa relação com o mundo material e com nós mesmos. Engenheiros, programadores, designers de produto e cientistas estão no centro destas transformações. Eu não estou convencido de que essas pessoas são capazes de prever todos os possíveis usos dos dispositivos que estão criando, o que significa que o “lado negro” de algumas tecnologias podem vir a ser realidades sociais. Diversas tecnologias existentes hoje estão apenas aguardando uma implementação comercial. Chips RFID, por exemplo, eventualmente serão 38 lá o design e o espírito humano implantados na maioria dos produtos para que lojas possam rastrear seus inventórios. Mas assim que os produtos forem comprados, os chips continuarão a transmitir sinais. As consequências atuais parecem benignas. Autor de ficção científica, Bruce Sterling elogia os chips nos produtos, os quais ele categoriza como parte de uma “internet de coisas.” “A maior vantagem de uma Internet de coisas,” escreve Sterling, “é que eu não preciso mais fazer inventários de meus bens na minha cabeça. Eles estão em um inventório voodoo automágico, um trabalho muito distante da minha percepção feito por um grupo de máquinas. Não mais me preocuparei em lembrar onde eu ponho meus objetos, ou como os encontro, ou quanto eles custam, etc. Eu apenas pergunto. Então eu recebo a resposta com precisão em tempo real.” E ainda assim a quantidade de dados que objetos vão emitir e o seu potencial acesso público levanta diversas questões de privacidade que Sterling desconsidera em sua visão otimista de chips RFID como servos eletrônicos, tomando conta de todos nossos bens. Além de inseridos em produtos, chips RFID estão sendo planejados para implantação em seres humanos e já estão, de fato, sendo usado por jovens na Europa no lugar de cartões de crédito, especialmente em bares e clubes noturnos. A Corporação VeriChip, detentora da patente do chip implantável, promove seu uso para múltiplos propósitos desde pesquisas médicas a