Cenários Futuros,
Éticas e Valores
Sociedades não se desenvolvem em trajetórias lineares.
Atividade intensa em um ou outro campo como ciência,
tecnologia, guerra ou arte pode produzir mares de mudança que
resultam em situações radicalmente diferentes que são difíceis de
antecipar. O mundo está agora no intermédio de um destes mares
de mudança, e nós precisamos aprender a pensar no futuro de
uma nova maneira. O Professor de direito Jeffrey Rosen, Americano, fez este argumento alguns meses atrás enquanto refletia
sobre os julgamentos da Suprema Corte dos Estados Unidos.
Partindo do pressuposto que os questionamentos em qualquer
audiência de justiça focaria nos registros anteriores de justiça
e opiniões sobre assuntos controversos atuais como aborto,
Rosen defendeu a importância de tornar o processo tão focado
no futuro quanto é com relação ao passado e presente. Rosen
indica que na próxima década, “a Suprema Corte vai, com toda
certeza, ser questionada a decidir sobre uma fascinante gama de
questões divisivas que hoje estão em um horizonte longínguo.”
Como exemplos, ele cita tópicos controversos como monitoração
eletrônica, impressões digitais cerebrais, sondagem genética,
clonagem reprodutiva, mineiração de dados, e direitos sobre
propriedades digitais. Seu argumento era o de que seria tão importante saber como os candidatos poderiam votar nestes temas
quanto examinar como eles teriam votado em casos passados.
“Historicamente, a tarefa
do designer era mais
simples do que é hoje (...)”
Como os julgamentos da Suprema Corte
referenciados por Rosen, designers também
encontrarão situações que levantarão questão
questões sem precedentes sobre valores e
ética. Novas tecnologias estão transformando
nossa relação com o mundo material e com
nós mesmos. Engenheiros, programadores,
designers de produto e cientistas estão
no centro destas transformações. Eu não
estou convencido de que essas pessoas são
capazes de prever todos os possíveis usos dos
dispositivos que estão criando, o que significa
que o “lado negro” de algumas tecnologias
podem vir a ser realidades sociais. Diversas
tecnologias existentes hoje estão apenas
aguardando uma implementação comercial.
Chips RFID, por exemplo, eventualmente serão
38 lá o design e o espírito humano
implantados na maioria dos produtos para
que lojas possam rastrear seus inventórios.
Mas assim que os produtos forem comprados,
os chips continuarão a transmitir sinais. As
consequências atuais parecem benignas. Autor
de ficção científica, Bruce Sterling elogia os
chips nos produtos, os quais ele categoriza
como parte de uma “internet de coisas.” “A
maior vantagem de uma Internet de coisas,”
escreve Sterling, “é que eu não preciso mais
fazer inventários de meus bens na minha
cabeça. Eles estão em um inventório voodoo
automágico, um trabalho muito distante da
minha percepção feito por um grupo de
máquinas. Não mais me preocuparei em lembrar
onde eu ponho meus objetos, ou como os
encontro, ou quanto eles custam, etc. Eu apenas
pergunto. Então eu recebo
a resposta com precisão em
tempo real.”
E ainda assim a quantidade de
dados que objetos vão emitir e
o seu potencial acesso público
levanta diversas questões
de privacidade que Sterling
desconsidera em sua visão
otimista de chips RFID como
servos eletrônicos, tomando
conta de todos nossos bens.
Além de inseridos em
produtos, chips RFID estão
sendo planejados para implantação em seres humanos e já
estão, de fato, sendo usado
por jovens na Europa no
lugar de cartões de crédito,
especialmente em bares e
clubes noturnos.
A Corporação VeriChip,
detentora da patente do chip
implantável, promove seu
uso para múltiplos propósitos
desde pesquisas médicas a