inLocus inLocus Jun. 2013 | Page 12

Se, como diz a Semiótica, toda comunicação tem um ponto de partida, o emissor da mensagem, e um ponto de chegada, o receptor, para o Design de Informação é este quem determina o conteúdo da mensagem, e não quem a emite. O próprio emissor (nosso cliente), se quiser cumprir sua função, deve se colocar também nessa po-sição diante do receptor (seu cliente - isto é, cliente do nosso cliente). Por exemplo, no caso da sinalização do metrô, o emissor das informações que desenhamos é a companhia, nosso cliente (por quem somos contratados), sendo receptor o passageiro (para quem somos contratados). A propaganda oficial do go-verno tem sido um campo típico - e vergonhoso onde a informação se dirige mais aos interesses do emissor (governantes) que do receptor (população), ao contrário do que deveria ser. Vergonhoso porque é o cidadão (receptor) quem paga, em forma de impostos, os milhões que essa propaganda custa - enquanto alguns serviços públicos 12 aqui design de informação? essenciais não são prestados por “falta de verba”. Sou totalmente contra propaganda governamental (não campanhas de interesse público, que é coisa oposta). Afinal, não lhe parece um absurdo pagar para que seus empregados falem bem deles mesmos, para você mesmo? - e o que são os governantes senão nossos empregados, ou seja, alguém que pagamos para trabalhar para nós, embora a maioria trabalhe para si próprio? Por outro lado, campanhas de interesse coletivo (de saúde, de se-gurança no trânsito etc.) são puro Design de Infor-mação, essenciais para a cidadania e o desenvolvimento social. Nada têm a ver com gastar dinheiro público para dizer que este governo foi o melhor que já tivemos, ou para um pagodeiro nos repetir, em cadeia nacional, aquele refrão inspirado que não nos permitirá esquecer que o partido do governo é o mais honesto e trabalhador do Brasil. Depois do foco no receptor, a segunda qualidade fundamental do Design de Infor-mação está na forma gráfica da mensagem, que deve ser, o mais possível, analógica. É essencial que a informação tratada pelo designer estabeleça uma analogia com seu conteúdo, visando, antes de tudo, clareza e rapidez de leitura. Os relógios digitais, ainda bem, não substituíram os de ponteiros, que hoje são digitais na tecnologia (com painéis de cristal líquido), mas muitas vezes analógicos na sua forma de leitura (com “ponteiros” que são na verdade imagens na tela, e não mais peças que giram mecanicamente). Chamam-se”analógicos” na medida em que estabelecem uma analogia (no caso, visual) com a noção da passagem do tempo, refletida no movimento circular dos ponteiros (que remete ao próprio movimento dos planetas, nosso sistema de referência para a contagem do tempo, originalmente expresso no relógio de sol), em oposição aos “digitais”, que veiculam a