Se, como diz a Semiótica, toda
comunicação tem um ponto de
partida, o emissor da mensagem, e um ponto de chegada, o receptor, para o Design
de Informação é este quem
determina o conteúdo da mensagem, e não quem a emite. O
próprio emissor (nosso cliente),
se quiser cumprir sua função,
deve se colocar também nessa
po-sição diante do receptor
(seu cliente - isto é, cliente do
nosso cliente). Por exemplo, no
caso da sinalização do metrô, o
emissor das informações que
desenhamos é a companhia,
nosso cliente (por quem somos
contratados), sendo receptor o
passageiro (para quem somos
contratados). A propaganda
oficial do go-verno tem sido um
campo típico - e vergonhoso onde a informação se dirige
mais aos interesses do emissor
(governantes) que do receptor
(população), ao contrário do
que deveria ser. Vergonhoso
porque é o cidadão (receptor) quem paga, em forma de
impostos, os milhões que essa
propaganda custa - enquanto alguns serviços públicos
12 aqui design de informação?
essenciais não são prestados
por “falta de verba”. Sou
totalmente contra propaganda governamental (não campanhas de interesse público,
que é coisa oposta). Afinal, não
lhe parece um absurdo pagar
para que seus empregados
falem bem deles mesmos, para
você mesmo? - e o que são os
governantes senão nossos empregados, ou seja, alguém que
pagamos para trabalhar para
nós, embora a maioria trabalhe
para si próprio? Por outro lado,
campanhas de interesse coletivo (de saúde, de se-gurança no
trânsito etc.) são puro Design
de Infor-mação, essenciais para
a cidadania e o desenvolvimento social. Nada têm a ver com
gastar dinheiro público para
dizer que este governo foi o
melhor que já tivemos, ou para
um pagodeiro nos repetir, em
cadeia nacional, aquele refrão
inspirado que não nos permitirá esquecer que o partido
do governo é o mais honesto e
trabalhador do Brasil.
Depois do foco no receptor,
a segunda qualidade
fundamental do Design de
Infor-mação está na forma
gráfica da mensagem, que
deve ser, o mais possível,
analógica. É essencial que
a informação tratada pelo
designer estabeleça uma
analogia com seu conteúdo,
visando, antes de tudo,
clareza e rapidez de leitura.
Os relógios digitais, ainda
bem, não substituíram os de
ponteiros, que hoje são digitais
na tecnologia (com painéis
de cristal líquido), mas muitas
vezes analógicos na sua forma
de leitura (com “ponteiros”
que são na verdade imagens
na tela, e não mais peças
que giram mecanicamente).
Chamam-se”analógicos” na
medida em que estabelecem
uma analogia (no caso, visual)
com a noção da passagem do
tempo, refletida no movimento
circular dos ponteiros (que
remete ao próprio movimento
dos planetas, nosso sistema de
referência para a contagem do
tempo, originalmente expresso
no relógio de sol), em oposição
aos “digitais”, que veiculam a