Informativo ABECO Informativo No 12 (mai-ago 2018) | Page 16

INFORMATIVO ABECO | Edição Nº 12 duramente atingido, o acervo aracnológico de abrangência mundial deixou de existir, o Departamento de Entomologia foi atingido na quase totalidade, e perdeu-se um dos poucos microscópios eletrônicos de varredura disponíveis para a pesquisa científica. Frustrada em suas tentativas de prosseguir com o programa de construção de prédios de pesquisa destinados a remover os acervos inflamáveis do complexo arquitetônico do Palácio da Quinta da Boa Vista e viabilizar a reforma das exposições centenárias, as últimas administrações do Museu optaram por pleitear a transferência do Departamento de Antropologia para o prédio da Biblioteca que precisa de reformas urgentes e poderia ser ampliado. Esta transferência permitiria reabrir exposições permanentes do Museu Nacional, no contexto de eliminação de riscos de incêndio no Palácio que abrigou o Governo de Portugal, o Governo 16 Imperial do Brasil e a Assembleia Constituinte da Republica do Brasil. O projeto foi encampado pelo BNDES e o contrato foi assinado. Lamentavelmente o banco estatal não teve a agilidade suficiente para liberar os recursos em ano eleitoral a tempo de permitir o início das obras durante a celebração do Bicentenário do Museu e em sincronia com o início da limpeza da área destinada à nova exposição de vertebrados que abarrotou o estacionamento com mobiliário antigo removido pela direção da instituição em antecipação ao esperado investimento. Mas não faria diferença: Novamente a interrupção de investimento federal foi fatal. O Programa de Pós- Graduação em Antropologia Social, classificado no nível máximo de excelência pela CAPES foi diretamente atingido pelo fogo, assim com sua biblioteca e o todo o acervo de Antropologia Física, incluindo referências mundiais, como o famoso crânio de Luzia, múmias egípcias e sul-americanas, artefatos culturais de povos nativos que não existem mais. Não há dúvida: se os investimentos na construção dos prédios de pesquisa não tivessem sido interrompidos pelo governo federal, a tragédia do dia 2 de setembro não teria ocorrido. As redes sociais e a imprensa estão repletas de teorias especulativas sobre a causa do fogo. Estas teorias atribuem a fagulha causadora da tragédia a coisas variadas como ideologias partidárias, balões incendiários do imaginário ministerial ou improvisações elétricas decorrentes dos cortes orçamentários impostos às universidades brasileiras. Eventualmente a Polícia Federal emitirá um laudo técnico. Entretanto, qualquer que seja a teoria eventualmente aceita para explicar a inexplicável fagulha, o fato objetivo permanece: Se o investimento federal não tivesse sido interrompido