Informativo ABECO Informativo No 12 (mai-ago 2018) | Page 17
INFORMATIVO ABECO | Edição Nº 12
nas últimas décadas, os
acervos
dos
departamentos
de
Entomologia,
de
Invertebrados
e
de
Antropologia estariam a
salvo
em
prédios
apropriados no centro de
pesquisas
do
Museu
Nacional.
Com
os
preciosos acervos e o
inerente risco incendiário
das atividades associadas
removidos
do
prédio
histórico, é provável que as
reformas da exposição
pública e salvaguarda do
complexo arquitetônico já
estivesse
em
pleno
andamento e até mesmo o
acervo do Departamento
de
Geologia
e
Paleontologia, incluindo
seus famosos dinossauros,
répteis
voadores,
preguiças
gigantes
e
meteoritos testemunhos
da origem de nosso
universo,
iniciasse
o
terceiro
século
da
instituição como objeto de
admiração e não como
objeto de uma penosa
escavação de resgate da
ciência nacional.
Escrevo este texto
com a tranquilidade de
espírito de quem ajudou a
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resgatar
preciosos
exemplares
tipo
de
moluscos do interior de um
prédio sob a iluminação de
um
poderoso
fogo
alimentado por assoalhos
de pinho de Riga e
madeiras nobres que já
não existem mais. Quando
a queda de objetos em
brasa sobre nossas cabeça
já não permitia a entrada
no prédio principal, voltei a
integrar a cadeia humana
de
voluntários
e
funcionários
dedicados
que faziam o resgate do
acervo do Serviço de
Assistência ao Ensino
localizado numa sala fora
das paredes de granito
indestrutível. Em meio à
confusão instalada no local
escutei alguém perguntar:
“Que material é este? Por
que ele está aqui na
garagem?” A resposta do
voluntário que orientava o
resgate na escuridão me
marcou profundamente:
“É o material do SAE que
foi retirado do prédio para
evitar o risco de incêndio”.
Não há dúvida que
nesta tragédia o Brasil e o
Mundo perderam parte
significativa
de
seu
passado.
Tanto
a
instituição como o prédio
são mais antigos que o
próprio Brasil, pois suas
origens antecedem a
independência
e
nascimento do país como
nação
independe.
Entretanto, o Brasil não
pode se dar ao luxo de
perder seu futuro! A
capacidade de produzir
ciência
de
elevada
qualidade é fundamental
para o desenvolvimento
econômico e social de uma
nação.
Com
seis
programas
de
pós-
graduação e 200 anos de
experiência científica nas
áreas de Biodiversidade,
Antropologia, Geologia,
Paleontologia, Meteorítica
e Linguística o Museu
Nacional
tem
fôlego
suficiente para continuar a
produzir o conhecimento
científico necessário para o
uso de recursos naturais e
desenvolvimento
social
que o Brasil precisa. Seu
acervo ainda inclui milhões
de exemplares de valor
inestimável intocados pela
tragédia.
Em conjunto
com a rede internacional
de museus e instituições
científicas e em parcerias
com a iniciativa privada,