História na Imagem - Modernismo no Brasil A Ditadura Militar no Brasil e os Direitos Humanos | Page 15

Paulo Boni – "Você já apanhou muito por conta do seu trabalho? "

Evandro Teixeira – "Já levei muita bordoada, sim. Vivia sempre em perigo. Corri muito, às vezes eu conseguia fugir, às vezes apanhava, às vezes ia preso. Na cobertura da missa do Edson Luiz, aquele estudante que foi morto pela polícia, na igreja da Candelária, por exemplo, foi um massacre geral. A cavalaria chegou e arrebentou tudo, quebrou todo mundo, crianças, mulheres e velhos, sem distinção e sem piedade. Eu e outros fotógrafos estávamos no terceiro andar de um edifício próximo à Candelária e fotografamos aquilo tudo. A cavalaria nos viu e abriu fogo contra nós. Fomos expulsos à bala, tivemos que sair correndo pelos fundos e procurar abrigo em algum lugar. Fomos para o outro lado da Candelária, onde ficava o prédio da Seleções Reader’s Digest. Era complicado e perigoso trabalhar. Os militares viviam nas redações. Uma vez um amigo meu, o Jacó, tomou a maior surra dos milicos. Quebraram sete costelas do Jacó. Ele passou três meses internado".

A experiência do fotógrafo

Essa foto foi tirada por Evandro Teixeira, que contou em entrevista à Paulo Boni sua experiência ao capturar o momento.

Multidão abre caminho para caixão de Edson Luís na Cinelândia, em 29 de março de 1968.

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Imagem disponível em: https://www.revistaforum.com.br/edson-luis-50-anos-do-tiro-da-impunidade/