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NÓS FOMOS ALGO DE
We are the Best ( 2013 ) agiu em mim como um verdadeiro bálsamo . Um toque de pureza depois de uma sucessão de filmes nórdicos que me deixaram em um estado de contemplação distante ou de , até mesmo , angústia e que persistiam em latejar em minha memória por dias a fio . Curiosamente , na própria trajetória do cineasta Lukas Moodysson , esse filme aparece como um parênteses de leveza em meio a um mar de produções densas . Depois de anos de experimentações e filmes excessivamente polêmicos , fase iniciada com o controverso Lilja 4-ever ( 2002 ) e se instaurando com o fracasso de público e crítica A Hole In My Heart ( 2004 ), em We are the Best , Moodysson redescobre seu senso de humor . Resgatando a comicidade de seus primeiros filmes como Fucking Åmål ( 1998 ) e Together ( 2000 ), constrói com delicadeza um teen movie permeado por inteligentes sátiras à sociedade .
O filme é um conto punk-feminista situado na Estocolmo de 1982 e assim como em Together ( ambientado em uma comunidade hippie dos anos 70 ), traça-se um retrato da contracultura Sueca . Se instaurando com uma urgência do presente própria de causas da adolescência , o universo de Bobo , Klara e Hedvig evoca em nós uma sensação de reconhecimento ao utilizar-se do apelo nostálgico da temática juvenil . Época em que toda a confusão , vulnerabilidade e anarquia se afloram por Isabela Leticia Lima
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e quando a menor das dores e a maior das alegrias transpassam a carne e são superadas com o passar de um fôlego . Um simples corte no dedo pode levar à mais profunda histeria . E apenas na amizade dos que ultrapassam juntos esse período existe a capacidade de conforto , pois são os únicos que entendem o caos dos seus sentimentos . E por essa universalidade , mesmo que não tenhamos vivido nesse contexto , separados por metade do globo e com um distanciamento de mais de uma década , ainda assim se instaura um cálido senso de empatia e uma saudade daquilo que nunca propriamente vivemos .
Unidas pelo punk essas três garotas passam por situações típicas da adolescência em uma jornada de descobrimento e cumplicidade . De modo descomplicado ressuscitam a bandeira desse movimento , que para o restante do mundo já estava em processo de decadência . O punk não se cala ao mostrar seu repúdio a todas as formas de fascismo , autoritarismo e sexismo , buscando a liberdade dos povos , raças e , em específico em We are the Best , mulheres . Esse movimento tem na juventude o auge de sua legitimidade , visto que é a ingenuidade dos jovens que torna mais palpável toda a esperança de uma revolução . E a cada grito de “ O punk não está morto ”, essas pequenas garotas defendem mais do que somente uma fase de rebeldia , mas também a luta por sua