Hatari! Revista de Cinema #06 Cinema Nórdico | Page 15
curiosa
CONTINUO
por Yoná Yassuda Virges
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Dois filmes lançados em se-
guida, I am curious (Yellow) e
I am curious (Blue), com os mes-
mos personagens, mesma forma,
porém não exatamente em uma
sequência. Até porque não há uma
história nem linearidade. Nos cré-
ditos iniciais há o aviso de que é o
mesmo filme em duas versões, po-
rém se descreditam o tempo todo.
Até mesmo em seus momentos
documentais, com entrevistas, há
muita atuação. O próprio diretor
(Vilgot Sjöman) atua como diretor,
sua equipe atua e olha diretamente
para a câmera, a protagonista utili-
za-se do mesmo nome da atriz que
a personifica (Lena Nyman), en-
fim, vemos aí muito da inspiração
Godardiana. Porém esses filmes le-
vam isso a um nível extremo, não
melhorado, apenas mais confuso a
ponto de paranoia (aliás, tratarei a
partir de agora, ambos os filmes no
singular para diminuir as confusões).
e são muito atuais em nossa realida-
de. O que nos faz lembrar o quanto
estamos atrasados com esses tipos
de discussões. Apesar de ter sofri-
do uma grande censura na época,
não se igualaria ao que sofreria no
Brasil atualmente, ainda mais em
1967/1968. E não só por causa da
nudez (o que fez o faturamento do
filme, já que fora vendido nos EUA
como um softporn), mas pelo seu
conteúdo político e seu questiona-
mento sobre a Igreja. Em uma cena,
infelizmente deletada, Lena aden-
tra uma igreja e tira as vestes de
um Sacerdote, enquanto fala sobre
os males que a Instituição fizera ao
longo dos séculos. O resultado é um
humano, tal como ela, só que acre-
ditando ser um Deus.
Nesse e outros momentos,
mesmo colocando seu ponto de vis-
ta ali, ao descreditar o filme dentro
do filme e seus personagens e equi-
pe, ele nos faz questionar até qual
Quando o filme dentro do fil- ponto é exposição do que o realiza-
me se desenrola, apresentando a dor pensa ou se não é apenas uma
possibilidade de um alívio, como se forma de fazer com que o expecta-
nos fosse dado rastros para dar um dor conteste tudo. Acredito que o
sentido na aleatoriedade geral, algo segundo seja o propósito do filme,
surge para nos quebrar e mostrar no- por isso o título e por isso uma en-
vamente que isso é um filme. Se mu- trevistadora que realmente tenha a
darmos os fragmentos, teremos dois ambição pelas respostas, que viva
ou até três filmes diferentes, com os as questões que apresenta ao mun-
mesmos atores: um documentário, do: questionar, duvidar de tudo e
a feitura de um filme e o filme em si. não se firmar a nada. Isso mostra os
traços de teen movie; a busca por se
Independentemente de se- encontrar, encon