Hatari! Revista de Cinema #06 Cinema Nórdico | Page 15

curiosa CONTINUO por Yoná Yassuda Virges 29 Dois filmes lançados em se- guida, I am curious (Yellow) e I am curious (Blue), com os mes- mos personagens, mesma forma, porém não exatamente em uma sequência. Até porque não há uma história nem linearidade. Nos cré- ditos iniciais há o aviso de que é o mesmo filme em duas versões, po- rém se descreditam o tempo todo. Até mesmo em seus momentos documentais, com entrevistas, há muita atuação. O próprio diretor (Vilgot Sjöman) atua como diretor, sua equipe atua e olha diretamente para a câmera, a protagonista utili- za-se do mesmo nome da atriz que a personifica (Lena Nyman), en- fim, vemos aí muito da inspiração Godardiana. Porém esses filmes le- vam isso a um nível extremo, não melhorado, apenas mais confuso a ponto de paranoia (aliás, tratarei a partir de agora, ambos os filmes no singular para diminuir as confusões). e são muito atuais em nossa realida- de. O que nos faz lembrar o quanto estamos atrasados com esses tipos de discussões. Apesar de ter sofri- do uma grande censura na época, não se igualaria ao que sofreria no Brasil atualmente, ainda mais em 1967/1968. E não só por causa da nudez (o que fez o faturamento do filme, já que fora vendido nos EUA como um softporn), mas pelo seu conteúdo político e seu questiona- mento sobre a Igreja. Em uma cena, infelizmente deletada, Lena aden- tra uma igreja e tira as vestes de um Sacerdote, enquanto fala sobre os males que a Instituição fizera ao longo dos séculos. O resultado é um humano, tal como ela, só que acre- ditando ser um Deus. Nesse e outros momentos, mesmo colocando seu ponto de vis- ta ali, ao descreditar o filme dentro do filme e seus personagens e equi- pe, ele nos faz questionar até qual Quando o filme dentro do fil- ponto é exposição do que o realiza- me se desenrola, apresentando a dor pensa ou se não é apenas uma possibilidade de um alívio, como se forma de fazer com que o expecta- nos fosse dado rastros para dar um dor conteste tudo. Acredito que o sentido na aleatoriedade geral, algo segundo seja o propósito do filme, surge para nos quebrar e mostrar no- por isso o título e por isso uma en- vamente que isso é um filme. Se mu- trevistadora que realmente tenha a darmos os fragmentos, teremos dois ambição pelas respostas, que viva ou até três filmes diferentes, com os as questões que apresenta ao mun- mesmos atores: um documentário, do: questionar, duvidar de tudo e a feitura de um filme e o filme em si. não se firmar a nada. Isso mostra os traços de teen movie; a busca por se Independentemente de se- encontrar, encon