Hatari! Revista de Cinema #05 Ficção Científica | Page 54
Em Blade Runner, a cidade de Los Angeles está num futuro apocalíp-
tico como a Ceilândia de Branco Sai, Preto Fica. No filme estaduni-
dense, cientistas criam uma espécie de androides muito parecidos com
os humanos, que eles supunham superiores fisicamente e inferiores emo-
cionalmente, chamados de Replicantes. Os androides eram utilizados em
trabalhos análogos ao escravismo em colônias fora do Planeta Terra. De-
pois de um motim realizado pelos descontentes robôs, Harrison Ford, um
caçador de Androides, é chamado para matar os Replicantes revoltosos.
Na película ceilandense, os Replicantes dão lugar aos negros, que
mesmo após mais de cem anos da abolição da escravidão no país, sof-
reram e continuam sofrendo com a opressão social e cultural do estado.
Mas do futuro além do futuro, chega o Astronauta Dimas Cravalanças,
também negro, com a missão de impedir a bomba e o ímpeto vingativo de
Sartana e Marquim, já que neste futuro de onde veio, o Estado brasileiro
seria punido dentro da lei pelas desigualdades impostas aos negros. Al-
guns críticos sugerem que a personagem do astronauta não tem função
dentro da trama, mas é essencial, já que cabe a ele a reflexão e a decisão
do direito ou não dos amputados de se vingar.
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