Hatari! Revista de Cinema #05 Ficção Científica | Page 53
Segundo a Wikipédia, “ficção científica é um gênero literário que lida
principalmente com o impacto da ciência, tanto verdadeira como imag-
inada, sobre a sociedade ou os indivíduos” e documentário é “uma rep-
resentação parcial e subjetiva da realidade”. Em Branco Sai, Preto Fica
(Adirley Queirós, 2014) os dois gêneros se unem para poder palpar a
mais grotesca das realidades. A história começa em um baile black na
década de 80 em Ceilândia, periferia de Brasília, que é invadido violen-
tamente pela polícia. “Branco sai, preto fica” é uma frase dita por um
policial naquela noite, os brancos saem do recinto e os negros ficam para
apanhar. Entre eles, estão os dois atores principais do filme, que utilizam
seus nomes reais: Sartana, atropelado por um cavalo, amputado e com
uma perna mecânica, e Marquim, com um tiro que o deixou paraplégico
e cadeirante. Num futuro apocalíptico, ainda em Ceilândia, os dois se
unem para criar uma espécie de “bomba cultural” que explodirá a cidade
de Brasília em vingança ao passado (e presente) de injustiças contra os
negros.
Um terceiro personagem, interpretado por Dilmar Durães, ator
parceiro dos filmes de Queirós (Dias de Greve, 2009 e A Cidade É Uma
Só?, 2012), completa a trama. Com uma ideologia de direção horizontal,
o diretor perguntou ao ator o que gostaria de interpretar no novo filme e
ele respondeu: “Já fiz papel de operário, de político, cansei. Quero agora
ser um astronauta que vem pra matar todo mundo igual ao Blade Run-
ner”. Ele se refere ao personagem de Harrison Ford no filme Blade Run-
ner, o Caçador de Androides (Ridley Scott, 1982).
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